Na obra "Ação e Reação" psicografada por Chico Xavier, encontramos uma frase que se aplica bem nesse período do ano, onde todos nós temos a mania de construir 'listas' de resoluções para o ano vindouro... "ser mais paciente"... "estudar mais"... "emagrecer"... "ser generoso"... "melhorar-se"... "ir em busca de algum sonho ou objetivo"... enfim, nesse período do ano todos nós pensamos no que queremos para o nosso futuro, não é mesmo Lola? Seguindo então o espírito deste momento, trago-vos a frase de André Luiz, na referida obra entregue a nós através de Chico: "nossos atos tecem asas de libertação ou algemas de cativeiro, para nossa vitória ou nossa perda; a ninguém devemos o destino senão a nós mesmos".
Pois bem, Lola, como eu já mencionei, nesse período do ano todos nós projetamos metas e objetivos a alcançar no ano que está prestes a se iniciar. O que é interessante perceber, querida amiga, é que todas essas metas e todos esse objetivos quase nunca se iniciam com nós mesmos! Sempre estamos em busca de coisas externas a nós... coisas ligadas às mais diversas formas da matéria e isso termina, no mais das vezes, a nos atrapalhar nessa jornada em busca de algo... e quando o próximo ano findar e não tivermos conseguido alcançar o objetivo tão almejado procuraremos culpados para justificar nossa "perda"... sim, isso é ser humano em sua forma mais instintiva do termo.
André Luiz nos diz algo que é notório, mas poucos querem ver: a mais ninguém, além de nós mesmos, devemos o destino de nossas vidas. Todos os nossos atos ao longo de nossa existência trouxeram consigo consequências e essas consequências ditaram muito de nossa estrada, não é mesmo? Independentemente se os atos e as consequências forem positivos ou negativos, cada um deles nos moldou um pouco nos seres que hoje somos. O problema é que apenas poucos de nós se permitiram fazer uma viagem para dentro de si mesmos e, tirando camada por camada, conhecer o âmago de seus seres. Sei bem que não é fácil tal tarefa, muitas e muitas vezes reluto em fazê-la. O primeiro passo, como sabiamente diria Sócrates, é 'conhecer-se a si mesmo', e esse autoconhecimento não é fácil para ninguém,haja vista que para sabermos quem somos, verdadeiramente, é necessário que nos vejamos em nosso todo: seres com luzes e sombras. Nem tudo que somos é agradável, mas é mutável!
Então eu pergunto: se não sabemos quem somos, que paixões egoístas trazemos em nós, qual nosso potencial para o bem, e assim por diante... como podemos construir metas e objetivos para o ano que vem (ou qualquer outro ano) se não transformamos "nossa casa" (nosso Eu interior) afim de deixá-la pronta para receber nossas conquistas?
Ainda no livro "Ação e Reação", André Luiz nos diz que: "o Céu representa uma conquista, sem ser uma imposição; a Lei Divina, alicerçada na justiça indefectível, funciona com igualdade para todos; por esse motivo, nossa consciência reflete a treva ou a luz de nossas criações individuais (atos/escolhas); a luz, aclarando-nos a visão, descortina-nos a estrada; a treva, enceguecendo-nos, agrilhoa-nos ao cárcere de nossos erros".
Mais uma vez, aponta-nos André Luiz que nosso destino é responsabilidade personalíssima de cada um de nós. Desta forma, deveríamos ter como primeira meta para o próximo ano o objetivo de parar de imputar culpa em terceiros, no Universo, em Deus, nas circunstâncias ou no pretenso acaso... Comecemos a assumir a responsabilidade por nossas escolhas, por nossos atos, por nossos comportamentos, afinal, NÓS e APENAS NÓS somos os responsáveis por tudo aquilo que vivenciamos e alcançamos.... é o velho ditado "colhemos sempre o que plantamos"... e o que você está plantando em sua vida? A sua colheita será de luz ou será de sombra?
O ano de 2015, que em 48 horas findará, trouxe consigo o cair de máscaras, perceberam? As intolerâncias aumentam a olhos vistos... intolerâncias religiosas, intolerâncias sexuais, intolerâncias étnicas, intolerâncias políticas... parece que perdemos a razão e todos os limites. Mas ser ou não intolerante é questão de escolha. Como é também questão de escolha ser harmonioso, tolerante e pacífico. 2015 foi o ano em que as sociedade mundiais tentaram assassinar a alteridade... onde ser diferente, pensar diferente ou agir diferente da maioria é prerrogativa para ser verbal e fisicamente atacado... esse foi o ano em que uma parte da humanidade abraçou a desumanização... mas isso não tem que ser permanente... da mesma forma que incorremos no erro podemos mudar-nos e começar a agirmos corretamente, Lola!
Muitos dizem, e já ouvi muito isso esse ano, que a humanidade não mudará, que tudo está ruindo e que o mundo ficará muito pior do que se encontra atualmente... Aí eu volto para o começo desse texto: de quem é a culpa? A culpa é do extremista? A culpa é do negro, do branco, do amarelo, do vermelho? A culpa é do católico, do muçulmano, do protestante, do umbandista, do espírita, do hindu...? A culpa é do de direita, do de esquerda? A culpa é de Deus, do Universo, do acaso? A culpa será sempre do outro e nunca nossa? Como podemos enxergar melhoria no mundo e a construção da paz e da harmonia entre os seres humanos se não começarmos a melhoras nós mesmos? Como podemos mudar o panorama que vemos no mundo se não mudamos primeiramente a nós mesmos? Não pode haver mudança concreta no macro-cosmos senão começarmos com o micro... e o micro, Lola, somos nós!
Desejo que o ano que se iniciará traga a todos vocês o impulso da transformação! Que a principal meta para 2016 seja a transformação interna de cada um de nós, a transformação de nossos atos cotidianos, de nossas escolhas equivocadas, de nossas posturas morais e éticas.... que iniciemos 2016 com o firme propósito de modificar-nos para, assim, estarmos prontos para alcançar todos os nossos sonhos e objetivos há longo tempo almejados!
"É preciso que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos seres vivos". (O Livro dos Espíritos, questão 728).
Que tenhamos a coragem de "destruir" aquilo que pensamos ser e aquilo que nos coloca na sombra e reconstruamos a nós mesmos incessante e conscientemente! Por que, afinal, como também diz André Luiz: "quando chegarmos ao plano espiritual, ninguém irá nos perguntar qual era nossa religião (ou se tínhamos uma - grifo meu), mas sim, qual bem fizemos no mundo."
Um Feliz Ano Novo a todos vocês!!! Que 2016 seja um ano iluminado, amoroso e feliz para todos!!