quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Que seja doce...









O amor é a arte de cativar...






O querido Antoine de Saint-Exupéry sabia bem a importância de se cativar algo ou alguém, e primorosamente colocou em seu célebre livro "O Pequeno Príncipe" um dos mais belos diálogos da literatura:


“E foi então que apareceu a raposa:

– Bom dia – disse a raposa.
– Bom dia – respondeu educadamente o pequeno príncipe, que, olhando a sua volta, nada viu.
– Eu estou aqui, – disse a voz, debaixo da macieira...
– Quem és tu? – perguntou o principezinho. – Tu és bem bonita...
– Sou uma raposa – disse a raposa.
– Vem brincar comigo – propôs ele. – Estou tão triste...
– Eu não posso brincar contigo – disse a raposa. – Não me cativaram ainda.
– Ah! Desculpa – disse o principezinho. Mas, após refletir, acrescentou:
– Que quer dizer "cativar"?
– Tu não és daqui – disse a raposa.
– Que procuras? 
– Procuro os homens – disse o pequeno príncipe. – Que quer dizer cativar?
– Os homens – disse a raposa – têm fuzis e caçam. É assustador! Criam galinhas também. É a única coisa que fazem de interessante. Tu procuras galinhas?
– Não – disse o príncipe. – Eu procuro amigos. – Que quer dizer “cativar”?
– É algo quase sempre esquecido – disse a raposa. Significa "criar laços"...
– Criar laços?
– Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo...
– Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens também. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. Os teus me chamarão para fora da toca, como música. E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! – Mas tu tens cabelos dourados. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo, que é dourado, fará com que me lembre de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo... 
A raposa calou-se e observou muito tempo o príncipe:
– Por favor, cativa-me! disse ela.
- Eu até gostaria – disse o principezinho – mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
– A gente só conhece bem as coisas que cativou – disse a raposa. – Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
– Que é preciso fazer? – perguntou o pequeno príncipe.
– É preciso ser paciente – respondeu a raposa. – Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas cada dia, te sentarás um pouco mais perto...
No dia seguinte o príncipe voltou.
– Teria sido melhor se voltasses à mesma hora – disse a raposa. – Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz! Quanto mais a hora for chegando, mais me sentirei feliz! Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!
Assim o pequeno príncipe cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
– Ah! Eu vou chorar.
– A culpa é tua – disse o principezinho. – Eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
– Quis – disse a raposa.
– Então, não terás ganho nada!
– Terei, sim – disse a raposa – por causa da cor do trigo. Depois ela acrescentou: – Vai rever as rosas. Assim, compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te presentearei com um segredo.
O pequeno príncipe foi rever as rosas:[...]. “ E ao voltar dirigiu-se à raposa:
– Adeus... – disse ele.
– Adeus – disse a raposa.
– Eis o meu segredo:
É muito simples: só se vê bem com o coração. 
O essencial é invisível aos olhos.”

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”


Tomando o trecho acima, percebemos como nos esquecemos da arte de cativar! Vivemos num mundo tão imediatista. Num mundo de amores rápidos! Mundo de amizades fugidias! Como seria mais feliz esse mundo se percebêssemos que não existem "lojas de amigos", nem "lojas de amores"! Viveríamos pelo sublime momento do encontro com aquele ser que cativamos, aquele ser que nos cativou! Ainda, raridades, existem pessoas versadas nas artes de cativar, e quando elas chegam a nossas vidas trazem sempre consigo o raio de sol que faltava na sala de nossa humana existência. Às vezes, tais pessoas passam décadas ao nosso lado, outras vezes, como o Pequeno Príncipe, estão apenas de passagem, mas deixam em nossos corações a felicidade de uma alma que foi cativada! Por isso, ao caminhar na minha estrada, procuro sempre cativar e cuidar dos seres que passam em minhas margens... trazendo-os sempre comigo, de braços dados, no coração e na mente, mesmo quando aquele ser já galgou outro degrau no universo, ainda sim, caminha comigo, pois, todos aqueles que cativei, todos aqueles que me cativaram, são fragmentos iluminados que constroem aquilo que ouso chamar de "minh'alma"!!!!


Problemas Amorosos?!? Procure Luciana "Sá"!!!




Sim, sim! Depois de mais uma noite/madrugada a refletir sobre as condições femininas atuais com as amigas, no nosso "templo" facebookiano, eis que algumas conclusões foram produzidas!!!

Primeiro de tudo, não está fácil para ninguém nesse mundo! Muito menos para nós, singelas mulheres balzacas!!! Pois, segundo minha grande amiga "Miss Corações Solitários", vulgo Luciana "Sá", estamos caminhando para sermos todas, digo todas mesmo, granjeiras, pois, só aparece na porta de nós moiçolas, galinhas ou frangos (homens, entendam)! Nessa sociedade onde os gêneros se misturam e não conseguimos mais distinguir alhos de bugalhos, caras amigas, é muito fácil deparar-se com um cara super legal, que no fim se mostra um galinha de marca maior. O cara cantou todas as tuas amigas e você nem percebeu, bobinha! Arranca logo esse óculos cor-de-rosa da paixão e acorda pra realidade!!! Mas, pior do que namorar um galinha, filhas da carência, é descobrir que namorou um frango! Já pensou?!? Acho que vamos mesmo terminar nossos dias comendo canja!!! Ô meu pai!!!! Como diria Xico Sá: "Corra, Lola, Corra!" Roubada geral!!! Felizes eram os dias em que se conhecia o 'pedigree' do mancebo, e se evitava as grandes decepções amorosas!
Mas, o melhor de tudo é quando o cidadão acha que você é uma feiticeira, uma macumbeira, uma bruxa, para ter o poder (e o querer) de ressuscitar "dead people"! Pelo amor de Greyscow!!!! Pois então, o 'finado' reaparece de repente na sua vida, achando que vai encontra-la toda sorrisos e amor para dar! Haja paciência!!! Quando ele deixou, trocou ou ignorou você, nem sequer olhou para trás, e agora vem com o rabinho entre as pernas tentando recomeçar de onde parou?!? Amiga meu conselho é: olhe bem dentro dos olhos dele e diga "depois de tantos senões e talvez, para chegar até mim vai ter que subir umas 20 ladeiras da misericórdia!! E segure o tranco! Não fraqueje!!! Nem se derreta pelo olhar "cachorro pidão", nem por afagos, nem por papinhos melosos! Olhe para trás, amiga, e lembre de quando você ficou na merda por causa dele, e então, encontrarás as forças necessárias para fazeres o mancebo traiçoeiro penar como se deve! 
E, para finalizar as discussões de ontem, deixo aqui a sagrada pergunta: Como anda sua vida amorosa? Enrolada? Inexistente? Segura? Só na casualidade? Amizade colorida? Vamos lá, amigas!!! Completemos nossas análises hermenêuticas da vida sexual alheia!!!!! 

E, se o moçoilo não tem jeito, nem conserto. Se o dito cujo não vale a pena, se ele não cabe mais no seu caderno... faça como Maysa: 



sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A Felicidade




Hoje o dia começou com a velha caneca de café (amargo e forte) na tentativa de acordar a mente para a manhã que se descortinava pela minha janela. O passo seguinte era ligar o computador e começar os trabalhos que me esperavam com sua posição imperiosa de urgências, mas, era necessário, depois do café e antes do trabalho, uns pequenos fragmentos de literatura para preencher a alma ainda sonolenta e, eis que me deparo, não com Clarice, mas com meu querido Caio Fernando a dizer: "Será que, à medida que você vai vivendo, andando, viajando, vai ficando cada vez mais estrangeiro? Deve haver um porto." E comecei a elucubração mental... será que nos tornamos mesmo estrangeiros de nós mesmos quando vamos vivendo? Será que, para todos, o universo providencia um porto, ou só para alguns? Questões metafísicas demais para uma mente recém-desperta! Então, continuei na leitura do Caio sem me preocupar em tentar 'decifrar' suas análises dos mais profundos recantos humanos, e me deparei com uma passagem do seu livro "Os Dragões não Conhecem o Paraíso": "Então me vens e me chegas e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque é assim que és..." E, a partir desse fragmento, minha mente começa a trabalhar a todo vapor. Começo a pensar na significação de tudo que está contido nessas singelas linhas...o quanto somos humanos, mundanos, por esperar sempre que os encontros que a vida nos traz tenham em si promessas e quereres que se concretizem como leis da física ou postulados da matemática, de forma hermética e precisa... como somos ingênuos em nossa humanidade linda e imatura!! O outro nos chega como uma brisa, sem, necessariamente, ter que nos dar fórmulas ou concretizar promessas que existem somente em nós mesmos! Temos que aprender que o outro só pode nos 'entregar' aquilo que tem, não aquilo que acreditamos que ele possui, não aquilo que possuímos e pensamos estar vindo do outro para nós...isso é uma projeção frustante... é parte integrante de nossa humanidade, infelizmente... nos fere ao longo da caminhada, nos faz tristes, nos leva a pensar na impossibilidade de uma felicidade mítica, a qual buscamos sem cessar nessa loucura que é a vida humana! Sem percebermos que a felicidade está contida, sempre esteve contida, em nós mesmos!!! Tudo bem, podemos ter enveredado por caminhos que nos fizeram menos felizes e um pouco mais tristes... podemos ter nos enredado em histórias que ascenderam nossa felicidade e termos ficado como viandantes perdidos, ainda em suas teias, quando o querer e o quereres se desvaneceu e não fomos suficientemente fortes, não fomos suficientemente nós mesmos, para cortar os fios que nos ligavam àquela história(s) e construir outras teias, outros fios, em outra vereda! Mas, isso também faz parte da nossa condição humana, da nossa necessidade por coisas conhecidas, confortáveis, mesmo que tais coisas levem consigo nossa felicidade! Mesmo que essas histórias estejam, em si, mortas, insistimos nelas, porque nos são familiares, nos são, em certa medida, seguras! É muito amedrontador nos jogarmos no 'desconhecido', nos jogarmos no 'não seguro', arriscarmos voltar a ser felizes em outras histórias, com outras pessoas... e perdemos o verdadeiro fio da nossa vida, e perdemo-nos no nosso caminho, e ficamos infelizes buscando refúgios que não trazem certa culpa... tudo isso por sermos humanos... não! Tudo isso por sermos, bem no fundo, covardes!!! E a vida, meus amigos, não perdoa os covardes! Ela não os tolera, não os favorece... ela leva-os a, em algum ponto do caminho, se enxergarem como tal e se arrependerem por o terem sido!!! E assim, minha mente vai trabalhando e tentando buscar no passado recente (ou no longínquo) quantas vezes me acovardei na escolha entre o 'confortável' e o 'desconhecido'... percebi que foram muitas, mas observei também, que me joguei mais no desconhecido do que me refreei pelo confortável! Isso é bom?!? Isso é ruim?!? Não posso mensurá-lo! Só posso dizer que, felizmente, estou vivendo e sentindo o pulsar dessa vida tão linda e radiante que temos a nossa frente cada vez que abrimos os olhos!!! E termino minha peregrinação dessa manhã pelas sendas da literatura com mais um lindo fragmento de Caio Fernando: "Não chegaram a usar palavras como especial, diferente ou qualquer outra assim. Apesar de, sem efusões, terem se reconhecido no primeiro segundo do primeiro minuto. Acontece porém que não tinham preparo algum para dar nome às emoções, nem mesmo para tentar entendê-las."  E assim acontece com a maioria de nós... olhamos para o outro e o outro nos olha, e de repente sabemos que aquele é O OUTRO que esperamos, mas estamos tão acomodados em nós mesmos, tão apegados a histórias findas, que nos sentimos incapazes de nomear as emoções que esse outro nos traz, nos desvela, não conseguimos entender que aquele outro tem uma importância enorme na nossa vida, que aquele outro nos foi enviado para reabrirmos a porta de nossa felicidade!!! Por isso, nesse momento preciso, te digo: Não tenhas medo!!! Abra seus olhos e se jogue, porque, já dizia o sábio poeta: a dúvida e o medo fazem-nos perder coisas que poderiam ser as mais belas e importantes de nossas vidas!!! Vivamos, amigos!!! Vivamos o encontro inominável com o outro e sejamos, mais uma vez, felizes!!!!!!!