domingo, 1 de novembro de 2015

O Amor...





Essa semana li um texto que tinha por título a frase de Frida Kahlo "onde não puderes amar, não te demores". Passei alguns dias pensando nessa frase específica e percebi que Frida estava certa, onde não se pode amar não é lugar para se demorar nem fixar residência.

Vejam, amar não é coisa fácil nem indolor. Amar é coisa dificílima e doída. Porque amar requer que estejamos abertos para a vida de uma forma plena, é fazer-nos vulneráveis para outra pessoa, amar é entregar a outro ser humano o supremo poder de nos magoar. Amar não é fácil, meus queridos, mas se não pudermos conhecer esse nascer e morrer que é o amor, então, era melhor nem andarmos pela estrada da vida.

Tem pessoas que dizem amar mas na verdade não amam. Se encontram muitas vezes em situações de aprisionamento pela paixão, pelo tesão, enfim, por qualquer que seja a dependência que têm do outro, mas isso não é amor. Amor não aprisiona... amor é o que nos liberta!

Outros existem que acreditam que não escolhemos amar alguém ou algo. Eu discordo. Nós escolhemos sim amar. Para que amemos alguém, uma coisa ou uma causa, é preciso que nos libertemos de nossos medos e conceitos pré-concebidos... que nos encontremos abertos e permissivos... se estivermos fechados, o amor dançará em frente aos nossos olhos e nós simplesmente não o veremos... Então, para que amemos qualquer coisa ou pessoa é imprescindível que estejamos verdadeiramente abertos a esse "universo estranho" que é o outro... dessa forma, sim, nós escolhemos a quem e ao que amamos... É quase como escolher dar um copo d'água a quem tem sede ou fechar a porta em sua cara... Amar é escolha... e a mais difícil e compensadora escolha que qualquer ser humano pode fazer...

Alguns dizem por aí que hoje em dia amar está difícil... em certa medida concordo com eles... afinal, vivemos numa sociedade em que os amores líquidos são os chamarizes nas "vitrines"... É muito mais fácil construir uma relação com alguém que não nos desafia e não nos tira do nosso eixo, da nossa zona de conforto... alguém que se não der certo, vira-se a esquina e parte-se para outra... São as relações fugazes e rasas... Acho que o medo que se sente hoje de se arriscar verdadeiramente numa relação profunda, medo de arriscar se magoar, medo de tentar "aparar arestas" é o que está levando a essa onda de amores líquidos... Mas, amor líquido é uma forma muito pobre de amor... quase covarde... é aquele tipo de "amor" que não paralisa... aquele "amor" que não dá medo porque não requer daqueles que o praticam um mergulho profundo em si e no outro... Não estou aqui condenando quem é adepto dessa prática, longe de mim julgar alguém... se você ainda não está pronto para viver o amor da forma certa, vai vivendo como consegues... o dia sempre chega para todos nós...

Esse papo sobre amor me lembrou uma de minhas canções favoritas, na voz fenomenal da Nana Caymmi, "Resposta ao Tempo"... O amor e o tempo, de certa forma, 'conversam' ao longo de toda a letra da música... 

"Respondo que ele aprisiona; eu liberto; que ele adormece as paixões; eu desperto"... o tempo é um carcereiro, ele encarcera nossa mente nas projeções de um futuro que não existe... é sempre "e se não der certo" "e se isso" "e se aquilo"... sempre nos pegamos analisando o tempo que ainda está por vir... a temporalidade nos aprisiona dentro de nós mesmos... dentro das dúvidas e confusões de nossa mente... mas o amor chega e nos liberta.. o amor vive no hoje e não no amanhã... então vivamos plenamente o hoje, simplesmente porque o amanhã não se sabe e pode ser tarde, muito tarde, para despertar uma paixão amarelecida...

O ser humano "morre" de amor e pelo amor renasce... o problema desse processo é o medo... portanto, Lola, e todos vocês que me lêem agora, não tenham medo!! Se você ama alguém, mas as dúvidas te assaltam, o medo faz você sublimar isso, está na hora de dizer basta e ir em frente... o máximo que qualquer um de nós pode receber é um "não"... e pelo que eu saiba "não" nunca matou ninguém (sei bem do que falo)... Se você ama uma causa mas acha que ainda é cedo para se comprometer, vá em frente... se comprometa... ame e distribua esse amor... se você ama um objeto e quer guardá-lo apenas para si, não o faça... compartilhe-o... não existe nada mais poderoso no universo do que amor partilhado...

Enfim, Lola, se você sente amor não se aprisione pelo redemoinho que a sua mente pode criar... apenas ande até a ponta do precipício e se jogue! Se arrisque, Lola, se arrisque!! A vida inteira é feita de riscos e de escolhas... cada escolha traz uma renúncia... de todas as escolhas e de todos os riscos que a vida nos oferece, amar é o único que vale verdadeiramente a pena!!


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