sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Sobre a Emoção de Ser Tia (Tio)....

Muito se fala e se escreve sobre a emoção de ser mãe/pai, de ser avó/avô, não é Lola? Mas raro são os que escrevem sobre a emoção de ser tia/tio... e é sobre isso que falarei aqui hoje...

Era manhã aqui em Portugal, eu estava ainda no meu processo de acordar (lento processo, devo dizer) quando meu whatsapp avisa a chegada de uma mensagem do grupo das minhas irmãs. Pensei que era a corriqueira mensagem de 'bom dia' e coisas assim... mas não era, Lola.. era uma mensagem totalmente nova e inesperada (ao menos naquele momento). A mensagem dizia: bom dia, titias! E eu pensei, ainda meio dormindo: oi?!? titia?!? como assim, Bial?!?

Quando a ideia finalmente chegou nos meus neurônios, eu fiquei meio que enlouquecida! Chorei, ri, e imediatamente tive o louco impulso de sair por Lisboa entrando em tudo que era loja de artigos infantis para comprar tudo o que eu achasse de mais bonito para o meu sobrinho/minha sobrinha (ainda não sabemos o sexo, mas tenho quase certeza que será menino... rsrssrsrrs)... respirei fundo e me controlei... já pensou, Lola, como seria esse 'frenesi' de compras?

Comecei então a mandar mensagem para minha irmã, Luciana, perguntando como ela tava, de quanto tempo, qual a previsão pro parto e coisas assim... eu queria saber tudo... bombardeei ela de perguntas... fui pesquisar coisas na internet... a melhor alimentação... cuidados na gestação... coisas objetivas sobre o 'estar grávida'... e o engraçado Lola, é que eu tava pesquisando coisas para falar para Lulu como se ela não soubesse de nada... hahahahahaha... foi então que pensei: Priscilla, não seja louca, sua irmã é enfermeira obstetra, ela já sabe de tudo isso... ri comigo mesma e terminei não mandando nada daquilo pra ela... Essa é a primeira reação que temos quando descobrimos que seremos tias/tios... e é uma sensação maravilhosa!

Mas, existe outra emoção mais profunda e quase inexplicável... principalmente quando você é a irmã/o irmão mais velho (como eu)... quando somos os mais velhos entre nossos irmãos, saber que eles serão pais traz toda uma nova dimensão dentro de nós... É o pensamento " 'nosso bebê' vai ter um bebê"... sim, porque todos os irmãos mais velhos têm sempre a sensação de serem um pouco mães e pais de seus irmãos mais novos.... isso é fato! Então, Lola, minha emoção foi perceber que aquele ser que eu vi nascer, crescer e se tornar uma bela e iluminada mulher estava agora carregando um novo ser dentro de si.. ela ia ser mãe.. íamos ganhar um novo membro da família... eu ia ser tia... e ao mesmo tempo meio avó... hahahahahahaa... louco isso.... mas é assim que me senti quando soube da notícia...

Não sei se algum dia viverei a emoção que a minha irmã sente hoje... a emoção de se saber mãe... ao menos, não sei se conhecerei essa emoção de carregar alguém dentro do meu ventre... porque dentro de mim tenho o amor e o sentimento de mãe em relação a inúmeras pessoas (deve ser a influência do meu signo... toda canceriana é meio mãe das pessoas que ama)... mas, mesmo que não sinta a explosão de sentimento e a transformação interna (espiritual muito mais que física) de carregar e parir alguém... posso dizer que a emoção de me saber tia (ou quase tia) já é motivo de gratidão infinda a Deus! O amor que sinto pela minha irmã hoje, ao saber que ela será mãe, só fez se aprofundar e ampliar... porque o meu amor por ela agora se multiplicou por dois... é amor por ela e por esse pequenino ser que logo mais estará 'abrindo olhos' para o mundo... vivo hoje inundada de amor e isso é algo indescritível (e que eu recomendo a todo mundo! hahahaah)!!!

E além de ficar feliz por ser tia, fiquei ainda mais feliz por saber que o bebê provavelmente nascerá no dia do meu aniversário!! Tem presente no mundo melhor que esse?!? 

A emoção de ser tia/tio é tão profunda e tão intensa... é sublime! É a emoção de saber-nos capazes de amar profundamente um ser pequenino, sentirmos o instinto de protegê-lo e auxiliá-lo em sua jornada na Terra...é perceber-se amando sem medidas, sem restrições, sem subterfúgios! Saber-se tia/tio é maravilhoso!!!

À minha irmã eu digo: Luciana, você será uma mãe maravilhosa! Esse bebê tem muita sorte de te ter na vida dele nesse lindo papel de mãe e amiga... estarei aqui, junto com Lali, para te ajudar no que for preciso e para cuidar, amar e proteger esse lindo ser que hoje te habita e que, mesmo quando 'sair' de ti, te habitará para sempre, pelo resto dos teus dias!!! Parabéns, querida!!!! Te amo e estou ansiosa para receber essa coisinha preciosa que vai chegar!!!  




quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Para Léo, com imenso carinho...




Era o natal de 2014 quando nos conhecemos. Fazia frio e as ruas estavam todas enfeitadas de luzes e cores, de pessoas felizes a caminhar e a saudar mais um findar de ano. Da forma surpreendente que acontece os encontros nessas bandas de cá, somente por aqui uma pernambucana e um paraibano de círculos tão distintos se conheceriam. Junto com outros amigos comemoramos o natal e o ano novo e ali, naqueles poucos dias, nascia uma semente de amizade.

A nossa amizade nasceu pequenina. A princípio parecia uma amizade que duraria apenas o tempo da viagem... quando voltássemos ao nosso cotidiano de estudos e pesquisas, mesmo morando na mesma cidade, o mais provável seria seguirmos caminhos distintos e vez ou outra nos encontrarmos em eventos comuns promovidos por nossos outros amigos. Mas, como todas as coisas pequeninas, a nossa amizade de semente virou broto e de broto se transformou em árvore gigantesca e de profundas raízes.

O dia a dia de Coimbra se transformou no dia a dia do 'trio'... e, junto com Wil, estávamos sempre encangados (no bom pernambuquês)... para tomar um vinho e fazer alguma comida... para tomar um vinho e ouvir música... para ir ao Irish... ao cinema... almoços, jantares... cafés... nos tornamos quase um ente único... rsrsrsrsrsrs... e o Léo sempre tinha uma tirada espectacular e engraçada... seja na sua pronúncia do nome da cidade de Valência... seja em quaisquer outros assuntos. 


Quando eu me mudei para Lisboa, a dinâmica do nosso trio modificou um pouco... um componente tinha ido para outra cidade e nosso cotidiano já não era mais o mesmo.... mas, aqui, quando a saudade bate é fácil resolver... pega-se um ônibus ou um trem e em duas pequeninas horas estamos juntos... 

Esse natal eu e o Léo passamos juntos.. ouvimos muito o David Bowie... e no ano novo também estávamos juntos... recebemos 2016 da mesma forma que recebemos 2015: celebrando felizes o novo ano que chegava e o 'aniversário' de nossa amizade... e a sensação que se tem quando se é amigo assim é que o nosso tempo é a eternidade... já reparou, Lola?

Viver aqui, como estrangeiros que somos, faz com que tenhamos uma estranha noção do tempo. Acreditamos que quando voltarmos para o Brasil o nosso tempo juntos será igual ao que aqui vivenciamos... eu acreditava nisso, Lola.. ou, quem sabe, minha mente me enganou nisso para que eu não sentisse tanto o peso das despedidas...

Hoje Léo voltou para o Brasil. Fui ao aeroporto me despedir. Ficamos conversando por mais de duas horas. E no meio de nossa conversa, quando Léo falava das novas configurações de sua vida, ele disse a frase que me fez escrever esse texto: "Pri, o tempo que vivemos aqui é diferente do tempo que viveremos lá no Brasil. O tempo nosso aqui é precioso e nunca mais o teremos novamente, porque quando estivermos todos no Brasil, seremos engolidos pelos compromissos cotidianos e por mais que tenhamos em nossos corações a vontade de nos reunirmos, nem sempre será possível. O tempo daqui, Pri, é diferente de lá porque aqui o nosso cotidiano é estarmos juntos e lá será estarmos separados. O nosso tempo aqui não deve ser desperdiçado porque jamais o viveremos novamente". 

Ouvir isso deu um baque no meu coração, me doeu e eu quis chorar. Mas não chorei. Não queria deixar Léo triste antes de embarcar. Eu nunca tinha pensado nisso, no fato de que quando voltarmos para o Brasil nossas relações serão diferentes, não porque as amizades mudaram, mas porque no Brasil seremos engolidos pelo cotidiano... trabalho, família, compromissos diversos... no Brasil não mataremos as saudades em duas horas de estrada... no Brasil não poderemos nos reunir nos finais de semana ou mesmo durante a semana para tomar uns vinhos e jogar conversa fora... Porque, no Brasil, cada um de nós irá viver num lugar distante e tudo é muito mais longe que aqui... No Brasil viveremos, nas palavras de Mia Couto, "sofrendo de lonjuras". Perceber isso fez meu coração pequeno... e a tristeza que até então estava contida pela partida do meu amigo se aboletou em mim... foi difícil esperar chegar em casa para pensar nisso tudo e jogar aqui.

Abraçar Léo antes dele embarcar e dizer o quanto eu era feliz por tê-lo como amigo, o quanto eu queria seu bem e o quanto eu o amava como um lindo irmão que a vida me deu foi difícil, porque ali naquele momento eu não tinha mais o conforto da ilusão que seria tudo igual quando eu voltasse também. Não será. E como será? Eu não sei como será, Lola. A única coisa que eu sei é que 'sofreremos de lonjuras', mas mesmo distantes o amor fraterno que uniu a mim e a Léo será sempre o mesmo não importa o tempo...

A Léo, meu muito obrigada por ter vivido parte do tempo daqui junto comigo! Meu muito obrigada por ter sido (e ser) meu amigo! Muito obrigada por me cuidar e por me alegrar... obrigada, Léo, pelos vinhos, pelos risos, pelos cinemas, pela cantoria, por todas as caminhadas por Coimbra... pelo tempo aqui em Lisboa... O mundo é teu, meu amigo!! Conquiste-o, viva-o, ame-o!! Você volta hoje para Jampa como um novo Leonardo e na sua bagagem o nosso trio continua intacto!! Te amo!!!