quarta-feira, 11 de março de 2015

The Long Road




Lola, todos nós estamos numa jornada. Ela pode ser curta, pode ser mais de uma ou pode levar a vida inteira, não importa a duração, o que importa é que durante a jornada descobriremos outros lugares e descobriremos a nós mesmos...

Quando iniciamos a jornada somos iguais a milhares de mochileiros de primeira viagem... trazemos as mochilas repletas de peso desnecessário... de coisas que acreditávamos precisar durante a viagem mas que nunca utilizamos porque eram inúteis e apenas serviam de possíveis adornos e descartamos essas coisas sem utilidade real a medida que avançamos no caminho.

Muitas vezes ao longo da jornada algo surge e faz nossa mente criar asas e imaginar possibilidades que antes existiam apenas nos nossos mais escondidos sonhos... a conjuntura se mostra perfeita para que o que sempre desejamos secretamente enfim aconteça... contudo, não contávamos com os empecilhos do caminho... e, por vezes sem conta, acreditamos que o problema estava conosco... que nós de certa forma não éramos suficiente ou que algo nos faltava... depois passamos a analisar a outra pessoa ou objeto e podemos começar a pensar que aquele (ou aquilo) outro é que tem algum problema e até certo ponto isso meio que nos conforta, não é Lola?!? Mas, a verdade, querida amiga, é que no meio de toda conjuntura perfeita sempre haverão variáveis inesperadas... e aquilo que trazia consigo as respostas a nossos anseios nos fere e nos causa dor e trsiteza, mas também nos liberta em certa medida... e é aí que a jornada toma novo rumo... quando percebemos que não estávamos prontos para dar o próximo passo em direção ao outro... quando percebemos que não estávamos dispostos a estacionar no meio da jornada, pois, ainda havia muita estrada a ser percorrida....

Durante um tempo depois de não dar certo nossa primeira descoberta durante a viagem pelo mundo e por nós, tendemos a entrar numa espécie de casulo e nos afastarmos um pouco da estrada principal... quando num belo dia vem aquele impulso que nos trouxe até aqui e nos faz colocar os tênis mais uma vez e sair para andar pelas ruas e percebemos que o sol brilha e nos olhamos no reflexo dos carros na estrada e é então que notamos: nos transformamos e agora temos asas.. qual borboleta recém nascida do seu casulo de maturação... a partir de agora voaremos para o próximo ponto da jornada... 

Depois de sentirmos certa dor, de nos fecharmos, e de redescobrirmos que o sol não parou de brilhar, de perceber que começamos a adquirir asas nós compreendemos que a longa estrada da vida é uma via de mão única, ela apenas vai para frente... não há atalho de volta... percebemos que nossas escolhas sempre nos levarão para a frente... porque jamais conseguiremos voltar para o começo... desde o momento em que nascemos até o dia em que deixaremos essa carne que habitamos só podemos seguir para frente, nunca para trás... simplesmente porque o tempo não volta, mas, principalmente, porque nunca mais seremos os mesmos... é como disse Heráclito "o homem não entra duas vezes no mesmo rio", não que o rio tenha mudado de nome, não é nada disso... o rio nunca mais será o mesmo em que mergulhamos pela primeira vez, porque nós não seremos os mesmos e não sendo os mesmos nunca mais veremos o rio como o vimos pela primeira vez... ele sempre será outro todas as vezes em que voltarmos a suas margens... porque a cada amanhecer de um novo dia nós seremos outro e outro mais uma vez...

A jornada não é sobre o mundo que descobrimos com nossos olhos, nosso olfato ou nossa audição... nunca foi sobre o que está fora de nós, pelo contrário! A jornada, Lola, sempre foi sobre o que trazíamos dentro de nós... sonhos que tínhamos e foram substituídos por outros sonhos... certezas que tínhamos até o dia em que descobrimos que na vida não temos certeza de nada nem controle algum.... objetivos que almejamos e percebemos que a vida não se resume apenas ao próximo diploma ou a uma promoção, que a vida é maior e mais complexa que isso... é sobre convicções que aprendemos não serem nada mais que apego do nosso orgulho, da nossa vaidade, enfim, apegos do nosso ego... a jornada, Lola, começa hoje e será incessante... porque a jornada só finda quando fecharmos os olhos pela última vez no nosso derradeiro sono na Terra ( e talvez continue para além disso)... até lá, a jornada é incessante e dói igual ao parto... é uma dor que vem, fica algum tempo e depois se esvai para que o júbilo de nosso renascimento possa trazer o sol e a luz da vida... até o próximo reconstruir, renascer, reviver de nós mesmos...

As jornadas, Lola, nunca foram sobre a dor... as jornadas, querida amiga, sempre foram feitas com e por amor... somente o amor é capaz de nos transformar naquilo que devemos ser e somente ele consegue iluminar a estrada para todos os viandantes... Adiante, Lola, que a estrada é longa e não pára nunca de nos chamar para nos aventurarmos nela!!  



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