sábado, 16 de outubro de 2010

Efêmero



Acabo de chegar do casamento de uma amiga de infância, e algo que o Padre falou em seu sermão ficou me martelando a cabeça. 
Ele salientou o aspecto efêmero nas coisas que nos comprometemos à fazer. 
Aquilo me fez pensar em como nos tornamos descartáveis, num mundo onde tudo parece ser descartável e de vida útil curtíssima. Você casa hoje, depois de meses de organização e planejamento e de anos de relacionamento: você finalmente se casou. Mas, você não aguentou a barra de conviver com o outro, ou se apaixonou por outra pessoa ou perdeu a motivação que fazia com que você, a priori, desejasse viver toda uma vida ao lado de alguém... E leva apenas 24h para se separar desse alguém, para esquecer todos os planos e sonhos em comum. Isso é muito louco, né não?

E tem também o caso dos relacionamentos relâmpagos. Você sai hoje com os amigos, conhece alguém, fica e faz o que você acha que deve fazer, e depois?  Não pega telefone, não se comunica mais, ou seja, aquela pessoa foi útil durante aquelas poucas horas, depois a gente a descarta e parte pra outra. Não é assim?

Mas, no fundo, o que queremos mesmo é aquele algo duradouro. Não precisa durar 50, 60 anos. Basta que dure. Meses, anos.... Algo sólido. Consistente. Que tenha mais de sensibilidade, afeto, carinho... sentimentos. Afinal, a mecânica dos atos até os seres irracionais a dominam. Nós, humanos, queremos a emoção, a expectativa, o aconchego, o chamego... o fazer nada junto, em dias de sol ou de chuva... um telefonema só para dizer que estava com saudade... é tão bom se ter o carinho e o afeto de alguém. Mas nós nos negamos isso, nos enquadramos nessa nova sociedade do tempo útil, e esquecemos que fomos feito do tempo de longa duração, que nossa identidade foi forjada durante milênios, que nós somos o resultado de diversas eras... tão longínquas....

Vamos fazer um movimento pela durabilidade do ser... 
Esqueçamos essa futilidade do efêmero.... sejamos como os oceanos: densos, profundos, misteriosos.... ao invés de sermos como desenhos na areia que se apagam com o beijo da próxima onda!

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