quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Yoko... Transformação na vida de John?




E YOKO ENTRA EM CENA...


A morte de Brian Epstein desestabilizou totalmente o grupo. John, que tinha no empresário uma figura quase paterna, mergulhou no LSD, que o levaria rapidamente à heroína. Sua participação nas decisões da banda tornavam-se cada vez mais radicais e excêntricas.
Paul, fortalecido após o sucesso de Sgt. Pepper's, assumiu a liderança, centralizando as decisões artísticas e as diretrizes empresariais e compondo em quantidade muito superior ao parceiro.
George, cada vez mais ligado à meditação e à cultura indiana, passou a rebelar-se com os compromissos do grupo e a ver os Beatles como uma prisão. Pior, crescendo como compositor, sentia-se tolhido pelo monopólio exercido por John e Paul. Ringo achava enfadonho estar numa banda que não excursionava mais.
A primeira aventura dos Beatles após a morte do empresário foi um especial de TV para a programação de Natal da BBC, que foi o grande fracasso do grupo.
A situação, delicada, deu um grande salto em direção ao caos completo quando o grupo decidiu fundar sua própria empresa: a Apple.
Era uma idéia hippie de que, como os Beatles não precisavam mais de dinheiro, poderiam iniciar um negócio que não fosse baseado no lucro. Compraram anúncios nos jornais pedindo para todo mundo que tivesse "talento" mandar seu material para a Saville Row, em Londres.
Sem direção formal, o conglomerado (que reunia uma gravadora, um estúdio de gravação, uma editora musical, uma produtora de cinema, uma butique de roupas psicodélicas, um selo para discos experimentais, uma divisão de tecnologia e uma revista jamais lançada) transformou-se rapidamente numa bagunça.
A Apple lançou o Álbum Branco, por causa de sua capa, que tinha alto nível musical, mas pouca coletividade.
Nessa época, um dos episódios de maior mal-estar no estúdio foi quando John Lennon apareceu com duas longas faixas que havia gravado praticamente sozinho: "What's The New, Mary Jane?" e "Revolution 9". Os Beatles e George Martin conseguiram demovê-lo da idéia de publicar "...Mary Jane?", mas "Revolution 9" acabou sendo lançada.
O fato é que desde maio John estava morando com a artista plástica japonesa Yoko Ono. Da mesma forma com que se apegara a Epstein, ao Maharishi, a "Magic Alex" (o freak diretor da Apple Electronics, a quem chamava de "meu guru") e ao LSD, John entregou-se a Yoko. Divorciou-se de Cynthia e levava a namorada a toda parte, incluindo o estúdio e o banheiro.
Os outros Beatles consideravam Yoko uma carreirista e se sentiam intimidados com as intromissões da japonesa e as sugestões que ela se julgava no direito de dar, no meio dos ensaios.
Logo após o Álbum Branco, o nome da banda continuou em cartaz com o filme Yellow Submarine, lançado três meses depois, em janeiro de 1969. O longa-metragem é uma animação psicodélica considerada como um marco dos desenhos animados.
Mas as brigas continuavam. E com o intuito de reaproximar os quatro, Paul teve a péssima idéia de produzir um filme para cinema ou TV mostrando um show da banda, somente com músicas inéditas.
Entretanto, o grupo, enferrujado, não se entendia musicalmente. As novas músicas que surgiam não chegavam aos pés dos velhos hits. John passava o tempo alienado de qualquer discussão, de cochichos e risos com Yoko. George não queria incluir nenhuma música sua, porque achava que Paul e John iriam lhe sabotar. Paul, decidido, tomava a maior parte das decisões de forma quase ditatorial. O clima, péssimo, era sempre flagrado pelas câmeras. Em 10 de janeiro de 1969, depois de vários dias de tensão, George deixou o grupo, mas voltou cinco dias depois, sob a exigência de que eles mudassem o local dos ensaios e que o "grande show" fosse feito na cobertura da Apple mesmo. Seria o último show dos Beatles, de apenas 20 minutos - o tempo de a polícia chegar. Após filmarem a cena, o projeto Get Back foi abandonado.
George Martin, farto do clima pesado, se surpreendeu quando os Beatles lhe telefonaram para um novo disco. Como condição, pediu que tudo fosse "como antes". E foi atendido: Abbey Road foi um disco rápido e indolor. Paul trouxe oito das 17 canções.
Klein conseguiu renegociar o contrato dos Beatles com a EMI prevendo surpreendentes 25% de direitos sobre cada disco vendido - muito embora ele ficasse com 20%. Em 20 de setembro de 1969, no dia da assinatura, John reuniu-se com os três colegas para anunciar que estava deixando a banda.
Atabalhoados, os Beatles assinaram assim mesmo e, por sugestão de Klein, combinaram de manter segredo - na esperança de que Lennon reconsiderasse.
De fato, durante várias entrevistas para divulgar seus discos-solo experimentais, John sempre dava evasivas sobre a separação. Lennon criou um novo grupo, a Plastic Ono Band.
Depois, a Apple lançaria Let It Be em maio de 1970, que atingiu o primeiro posto da parada, quando a banda não mais existia.



YOKO...

Yoko nasceu em 1933 e vem de uma família muito rica de Tóquio, no Japão. Ela estudou nos melhores colégios e depois da Segunda Guerra Mundial mudou-se para os Estados Unidos, onde renegou a fortuna da família e passou a se dedicar às artes.

A japonesa conheceu Lennon no final de 1966, quando o cantor visitou uma galeria em Londres onde ela estava expondo. Lennon se encantou por uma obra de Yoko em que subia as escadas, e no teto havia uma lupa com a palavra Sim!. Conforme ele avançava a escada, a palavra ficava mais nítida. John se apaixonou na hora. "Ela podia ter escrito qualquer coisa; guerra, sexo, morte. Mas ela escreveu 'sim', tudo que eu precisava naquele momento."
A artista passa a ser companhia inseparável do cantor, inclusive nos ensaios dos Beatles, o que causa a irritação dos outros integrantes.
Para piorar o clima, Yoko passou a cantar. E o casal acreditava realmente que sua voz era boa, quando na verdade ela só sabia gritar. Mesmo assim, gravaram alguns discos juntos.
Além da parceria musical, John e Yoko passaram a dividir as campanhas pacifistas. O casal transformou seu casamento numa coletiva de imprensa de uma semana, posando para fotos na cama de um hotel.
Juntos, tiveram um filho, Sean, em 9 de outubro de 1975, mesmo dia do aniversário de John. Diferente do que havia feito com Julian, o primogênito, Lennon passa a dar toda a sua atenção para seu filho com Yoko, que também já tinha uma filha do primeiro casamento. Sean e Julian são músicos.
John chamava Yoko de Mãe; e sem dúvida precisava mais dela do que ela dele. Seja como for, viviam grudados um no outro, alimentando uma fantasia de identidade.
Em certa época, passou a assinar seu sobrenome como Lennono (junção de Lennon com Ono).

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