Existem pessoas nesse mundo que acreditam que a Felicidade deve vir para suas vidas de forma grandiosa! Tal qual Marilyn Monroe entrando num grande palco! E eu digo a essas pessoas: a Felicidade, caras amigas (e amigos), vem em pequenas doses, de forma silenciosa e tão sublime que às vezes nem a percebemos chegar. Ela é feita de pequenos retalhos diários, que formam, no findar de nossa existência, uma imensa colcha colorida e inquebrantável!
As pequenas felicidades é o que nos interessa de verdade! Essas, Lola, são feitas todos os dias, desde que abrimos os olhinhos para o mundo pela primeira vez. Muitas vezes, as pequenas felicidades são como redemoinhos de poeira que chegam até você e te impregnam com sua essência. Num primeiro momento, você se pergunta porque aquele redemoinho resolveu sujar logo você e não outra pessoa; num segundo momento você se pega rindo da audácia daquele pequeno redemoinho, e se toca que ele deixou marcas em você, mesmo que pequenas, minúsculas, mesmo que tenha sido apenas um retorno à momentos de infância.
Hoje, Lola, um pequeno redemoinho passou por mim. Ou seria, retornou a mim?!? Acho que o verbo certo seria esse: retornar! Esse mesmo redemoinho passou por mim há exatos 17 anos! Lembro ainda como se fosse hoje. Era o ano de 1996 e eu começava o ensino médio. De repente, numa manhã de terça-feira, entra na sala aquele que seria o meu mais querido professor: Aluízio Mandu.
Mandu era meu professor de inglês, bem, pelo menos oficialmente! Mas, na verdade, Mandu era nosso professor de filosofia e literatura inglesa. Era nosso professor que trazia para a sala de aula questões da existência humana. E qual não foi minha surpresa essa manhã, depois de anos procurando por ele (porque, Mandu, com o passar do tempo tornou-se meu amigo) o encontro nas sendas facebookianas! Nunca senti uma pequena felicidade tão grandiosa, Lola! Chorei ao vê-lo ali na tela, na minha frente, e lembrar-me das singelas palavras que ele um dia me escreveu nas veredas longínquas do tempo:
"Priscilla - sempre querida,
O tempo passa e com ele as pessoas. Mas, algumas permanecem e, desta forma, tornam a ação do tempo ineficiente. Você é uma dessas pessoas que vão estar sempre comigo, invalidando a ação do tempo.
Beijos,
Mandu"
Não,Lola, pequenas felicidades não são tristes! Sim, sim, Lola, eu chorei! Eu chorei, como choram todas as pessoas que um dia se perdem de algo ou alguém que marcou suas vidas e, quando menos se espera, reencontra-se frente a frente (mesmo que através da tela do pc) com aquela coisa preciosa que sempre andou contigo, na mente e no coração. Foi por isso que eu chorei, Lola! Porque, Mandu foi o amigo, no dizer de Unamuno, que me mostrou a mim mesma!
Ainda me lembro quando ele chegou na sala de aula e nos entregou o texto de Henry David Thoreau, que dizia: “I went to the woods because I wished to live deliberately, to front only the essential facts of life, and see if I could not learn what it had to teach, and not, when I came to die, discover that I had not lived. I did not wish to live what was not life, living is so dear; nor did I wish to practise resignation, unless it was quite necessary. I wanted to live deep and suck out all the marrow of life, to live so sturdily and Spartan-like as to put to rout all that was not life, to cut a broad swath and shave close, to drive life into a corner, and reduce it to its lowest terms.” Aquele momento, aquele texto, mudou muito a forma como eu via a vida!
Mandu, eu entrei na floresta! Mandu, eu busco construir, todos os dias, na minha floresta, alicerces que me mostrem, ao findar da caminhada, que viver valeu mesmo a pena! Que eu vivi de uma forma que valeu a pena!
Obrigada, Mandu, por ter me proporcionado uma das mais sublimes, singelas e profundas pequena felicidade desses meus dias!!!
E, Lola, você também já viveu uma pequena felicidade assim?!? Se já, fico feliz por você, Lola! Se não, corre Lola, corre! Que as pequenas felicidades veem e vão e se você não abrir os olhos elas passarão despercebidas, sem deixarem arco-iris para enfeitar teus dias!!!