quarta-feira, 27 de março de 2013

As Pequenas Felicidades





Existem pessoas nesse mundo que acreditam que a Felicidade deve vir para suas vidas de forma grandiosa! Tal qual Marilyn Monroe entrando num grande palco! E eu digo a essas pessoas: a Felicidade, caras amigas (e amigos), vem em pequenas doses, de forma silenciosa e tão sublime que às vezes nem a percebemos chegar. Ela é feita de pequenos retalhos diários, que formam, no findar de nossa existência, uma imensa colcha colorida e inquebrantável!

As pequenas felicidades é o que nos interessa de verdade! Essas, Lola, são feitas todos os dias, desde que abrimos os olhinhos para o mundo pela primeira vez. Muitas vezes, as pequenas felicidades são como redemoinhos de poeira que chegam até você e te impregnam com sua essência. Num primeiro momento, você se pergunta porque aquele redemoinho resolveu sujar logo você e não outra pessoa; num segundo momento você se pega rindo da audácia daquele pequeno redemoinho, e se toca que ele deixou marcas em você, mesmo que pequenas, minúsculas, mesmo que tenha sido apenas um retorno à momentos de infância.

Hoje, Lola, um pequeno redemoinho passou por mim. Ou seria, retornou a mim?!? Acho que o verbo certo seria esse: retornar! Esse mesmo redemoinho passou por mim há exatos 17 anos! Lembro ainda como se fosse hoje. Era o ano de 1996 e eu começava o ensino médio. De repente, numa manhã de terça-feira, entra na sala aquele que seria o meu mais querido professor: Aluízio Mandu.

Mandu era meu professor de inglês, bem, pelo menos oficialmente! Mas, na verdade, Mandu era nosso professor de filosofia e literatura inglesa. Era nosso professor que trazia para a sala de aula questões da existência humana. E qual não foi minha surpresa essa manhã, depois de anos procurando por ele (porque, Mandu, com o passar do tempo tornou-se meu amigo) o encontro nas sendas facebookianas! Nunca senti uma pequena felicidade tão grandiosa, Lola! Chorei ao vê-lo ali na tela, na minha frente, e lembrar-me das singelas palavras que ele um dia me escreveu nas veredas longínquas do tempo: 

"Priscilla - sempre querida,

O tempo passa e com ele as pessoas. Mas, algumas permanecem e, desta forma, tornam a ação do tempo ineficiente. Você é uma dessas pessoas que vão estar sempre comigo, invalidando a ação do tempo.

Beijos,

Mandu"

Não,Lola, pequenas felicidades não são tristes! Sim, sim, Lola, eu chorei! Eu chorei, como choram todas as pessoas que um dia se perdem de algo ou alguém que marcou suas vidas e, quando menos se espera, reencontra-se frente a frente (mesmo que através da tela do pc) com aquela coisa preciosa que sempre andou contigo, na mente e no coração. Foi por isso que eu chorei, Lola! Porque, Mandu foi o amigo, no dizer de Unamuno, que me mostrou a mim mesma!

Ainda me lembro quando ele chegou na sala de aula e nos entregou o texto de Henry David Thoreau, que dizia: “I went to the woods because I wished to live deliberately, to front only the essential facts of life, and see if I could not learn what it had to teach, and not, when I came to die, discover that I had not lived. I did not wish to live what was not life, living is so dear; nor did I wish to practise resignation, unless it was quite necessary. I wanted to live deep and suck out all the marrow of life, to live so sturdily and Spartan-like as to put to rout all that was not life, to cut a broad swath and shave close, to drive life into a corner, and reduce it to its lowest terms.” Aquele momento, aquele texto, mudou muito a forma como eu via a vida!


Mandu, eu entrei na floresta! Mandu, eu busco construir, todos os dias, na minha floresta, alicerces que me mostrem, ao findar da caminhada, que viver valeu mesmo a pena! Que eu vivi de uma forma que valeu a pena!


Obrigada, Mandu, por ter me proporcionado uma das mais sublimes, singelas e profundas pequena felicidade desses meus dias!!!


E, Lola, você também já viveu uma pequena felicidade assim?!? Se já, fico feliz por você, Lola! Se não, corre Lola, corre! Que as pequenas felicidades veem e vão e se você não abrir os olhos elas passarão despercebidas, sem deixarem arco-iris para enfeitar teus dias!!!

O Mancebo Suspiro!


Toda Mulher-mancebo tem seu Mancebo Suspiro. Não, Lola! Não é como o suspiro da padaria! O Mancebo-Suspiro é aquele que deixa a Mulher-Mancebo com cara de boba, abestalhada mesmo! Ele serve para alegrar nossos dias! Fazer mais amenas nossas noites! Falar com um Mancebo-Suspiro é sentir-se com borboletas flutuando na barriga... Você já sentiu isso, Lola?!?

O Mancebo-Suspiro surge em nossas vidas quando menos esperamos. É aquele amigo que faz das manhã chatas de domingo uma pintura renascentista, cheia de cores e luzes! É aquele companheiro de conversas na madrugada que transforma nosso amanhecer em algo tão singelo quanto as cores da aurora!








O Mancebo-Suspiro pode acalentar o silêncio que habita a Mulher-Mancebo mesmo estando muito longe! Vocês podem se falar pelo telefone, pelo skype, não importa Lola! O que importa é que sempre que você dialogar, olhar ou pensar no Mancebo-Suspiro, você ficará com aquela cara de boba, aquele sorriso sem motivo que fará as pessoas se perguntarem: o que será que ela está pensando?!? Mas, Lola, existe coisa mais linda do que tirarmos nossa couraça de vez em quando e ficarmos com cara de menininhas que estão prestes a cometer uma travessura?!? Eu te digo, Lola, sem medo de errar, que não, não existe!

Como é feliz a Mulher-Mancebo que tem em sua vida um Mancebo-Suspiro (ou dois ou três, vai saber?!?)!!! Ela se sente sempre pequena e frágil perto dele... Não, Lola, a Mulher-Mancebo não pensa no Mancebo-Suspiro como potencial namorado, rolo ou algo do tipo! Pensa em outra coisa, Lola! A Mulher-Mancebo vê em "seu" Mancebo-Suspiro o toque de colorido que faltava na palheta de sua vida! Às vezes o Mancebo-Suspiro perdura pela vida toda da Mulher-Mancebo, às vezes ele existe como tal por uma curta temporada... mas, a durabilidade, o tempo de sua presença na vida dela não importa! O Tempo aqui torna-se metafísico! Inexistente! Veja, Lola! O Mancebo-Suspiro não convive com a Mulher-Mancebo todos os dias o dia todo... eles se falam de vez em quando... se veem de vez em quando... mas, na vida dela ele está presente todos os dias, sacou, Lola?!? Algumas vezes, nos momentos mais escuros da vida de uma Mulher-Mancebo, o que a salva de sucumbir é mentalizar seu Mancebo-Suspiro... porque onde havia escuridão, agora existirá um arco-íris de luz... como um bando de borboletas invadindo um campo de girassóis! Nesses momentos, a Mulher-Mancebo pode até mesmo ouvir a voz do Mancebo-Suspiro, e sua risada, como se o vento as trouxesse até ela para dizer que tudo vai ficar bem!

Ah, Lola! Como é bom saber que existem nesse mundo a fora Mancebos-Suspiros para colorir e alegrar nosso dias... porque estamos cansadas do convívio com os Mancebos-Jurubeba... façamos uma campanha, Lola?!? Topas?!? Mais Mancebos-Suspiros!!! E menos Mancebos-Jurubeba!!!

Boa noite, Lola!! Vou indo!! Meu Mancebo-Suspiro me aguarda com sua risada, seu sorriso e sua voz, aqui, nos meus pensamentos!!


terça-feira, 26 de março de 2013

A Mulher Vintage


Caras amigas, é incrível perceber que no mundo atual, apesar de todas as mudanças comportamentais, o universo Jurubebístico ainda busca a tão sonhada Mulher-Vintage... Algumas de vocês vão se perguntar: WTF é uma Mulher-Vintage?!? Bem, queridas amigas, abaixo segue a descrição desse ser de características um tanto quanto mitológicas!


Para começar, pense em sua avó! Pensou, Lola?!? Pois bem, a Mulher-Vintage seria um pouco como ela. No ideário do Mancebo-Jurubeba, essa espécime de mulher estaria sempre a postos para agradar-lhe. Preparar sua comidinha, tirar seus sapatos quando chegasse cansado do trabalho e calçar-lhe o chinelo... passar suas camisas com goma (mesmo no calor infernal que está fazendo em Recife ultimamente!)... fazer os vincos de suas calças... deixar o chão da casa brilhando e inventar receitinhas saudáveis e saborosas para variar o cardápio da semana... Sacou, Lola?!? Num primeiro momento, o Mancebo vê a Mulher-Vintage como seu avô via sua vó! Vai encarar, Lola?!? 


Lola, querida, quando eu falo que o Mancebo vê na Mulher-Vintage um pouco de vovozinha, eu não quero dizer que ela é a Chapeuzinho Vermelho, querida! Eu quero dizer que o Mancebo acha que a Mulher-Vintage cozinhará e cuidará dele tal qual sua vovozinha cuidava do seu avozinho... nada de Lobo Mau nem de Caçador, sacou?!?

Mas, Lola, o Mancebo vê na Mulher-Vintage um pouco de mãe também! Ele acha que a mãe dele é uma Mulher-Vintage (por mais que ela seja uma Mulher-Mancebo!). Para o universo jurubebístico, nada é mais sagrado do que suas santas mãezinhas! Repare, Lola! Na cabeça do Mancebo-Jurubeba, a Mulher-Vintage tem que ter a postura de santa que ele atribui a sua própria mãe! Tem que ser aquele ser imaculado e sem pecado! O ser que cuidará perfeitamente da casa e da família! Aquele mito inalcançável de uma Mulher-Concebida-Sem-Pecado! Se ligue, Lola! O Mancebo-Jurubeba espera que a Mulher-Vintage venha suprir todas as suas carências de infância... desde sua obsessão por leite (vai saber!) até os cuidados pretendidos para os filhos que nem sequer vocês fizeram!!!! 

O protótipo de Mulher-Vintage, que os Mancebos tanto "caçam", deve vir acompanhado de um instrumento muitíssimo usado na Idade Média pelos maridos que iam para as Cruzadas ou guerras em geral... o lindo, fashion e super retrô Cinto de Castidade! Lola, você já viu como o cinto de castidade é lindo e funcional?!? Pois é, Lola! É um cadeado que o Mancebo-Jurubeba colocará na Mulher-Vintage dele e que somente ele tem a chave, não é romântico, Lola?!? No imaginário jurubebístico, a Mulher-Vintage é, e sempre será, casta, fiel e jamais o transformará num "minotauro"! Mesmo que para isso, o Mancebo de plantão utilize de instrumento um tanto quanto desconfortável!

Ah, Lola! Ser Mulher-Vintage deve ser tão feliz e satisfatório!! Já pensou em reviver os tempos áureos do medievo... de fins do século XIX... do começo do século XX... quando as mulheres tinham seu papel secundário garantido pelos seus Mancebos?!? Como isso deve ser lúdico, né Lola?!? Acorda, Lola, acorda!!!

Para as Mulheres-Mancebos, as Mulheres-Vintage são o protótipo do que elas repudiam! Mulheres-Vintage na ótica feminina são aquelas que falam com vozinha de bebê (tem algo mais chato?!?)... Mulheres-Vintage se vestem da cabeça aos pés de cor-de-rosa, azul bebê, amarelo-gema e todas essas cores com que decoramos os quartos dos nossos filhos recém-nascidos! Mulheres-Vintage não comem gordura, feijoada, churrasco, baião-de-dois, doces nem afins... Mulher-Vintage come folhas, verdurinhas ao vapor coisas incolores e sem sabor... Elas fazem cara de nojinho quando veem alguém traçar um chambaril ou uma picanha... Têm nojo de tudo... verdadeiras Ladys que de forma alguma se misturam com a plebe! As Mulheres-Vintage são o que chamamos hoje tão carinhosamente de "Patricinhas"... lindas, imaculadas, frescas e acéfalas! 

Você, Lola, já ouviu uma taquara rachada?!? Pronto! Essa é a voz "meiga" da Mulher-Vintage!Aquela coisa anasalada, parecendo um disco arranhado e sem possibilidade de conserto...há quem goste, Lola!

A Mulher-Vintage surge para negar todas as conquistas feitas pelo universo feminino nas últimas décadas! Mulher-Vintage que se preza, apanha calada e acha sempre que a culpa é dela! Mulher-Vintage de respeito atura o Mancebo-Galinha como se ele fosse a última coca-cola do deserto! Mulher-Vintage legítima não usa  roupa curta, não bebe, não fuma, não fala palavrão, não se zanga (só se magoa ou aborrece um pouco)... Mulher-Vintage chora por tudo, parece uma torneira que não fecha! Mulher-Vintage cuida do seu Mancebo como se sua vida começasse e findasse nele e por ele... Mulher-Vintage não tem objetivos de vida profissional, larga logo a carreira sem reclamar assim que nascem os filhos (Afinal, lugar de mulher é em casa, descalça e grávida!)... Mulher-Vintage, Lola, é sempre uma Lady para a sociedade!!! É assim que os Mancebos as querem! Verdadeiras Ladys em público... e devassas no quarto!! 

Ah! Lola! Mulher-Vintage tem que topar tudo no quarto! Ser a Mata Hari do manancial amoroso jurubebístico! Tem que fazer a linha "não me toque" quando estiver numa festa ou em qualquer lugar com audiência... mas, quando as portas do quarto se fecham, os Mancebos querem que elas interpretem o papel das Mulheres-Mancebo... descoladas, dispostas, mas, ao mesmo tempo submissas e frágeis (coisas que nós não somos!) Se for para incendiar os lençóis, Lola, ninguém toca fogo melhor do que a Mulher-Mancebo! Nem mesmo a santa-puta da Mulher-Vintage!! 

A Mulher-Vintage traz consigo um misto de complexo de édipo e espírito angelical...ela se diviniza para agradar o Mancebo... se alegra por anular-se e enquadrar-se naquilo que o mundo mancebístico escreveu para ela!  Mulher-Vintage é uma atriz, Lola! Ela segue à risca seu script social!!

E aí, Lola! Queres ser uma Mulher-Vintage?!?
"Mulher-Vintage é o caralho, Priscilla!"
Opa, Lola! Nada de palavrão aqui! Olhe os modos menina!!!

Mas, tô contigo nessa!!! 


Mancebos, meus queridos, se quiserem uma Mulher-Vintage, procurem na próxima esquina... porque aqui é Mulher-Mancebo.... e seu ideário de Mulher-Vintage que vá pra casa do... oops!!!!

segunda-feira, 25 de março de 2013

Quando nos tornamos Mulheres-Mancebo...




No mundo de hoje encontramos muitas Mulheres-Mancebos, minhas amigas! E ser Mulher-Mancebo não quer dizer ser Mulher-Homem, nada disso! Ser Mulher-Mancebo é ter posturas incisivas na hora da conquista, é ser desencanada, ser independente, ser autêntica, enfim, é ser quase uma Don Juan de saias!

Vejam bem, há uns 50 anos atrás tudo era feito e provido pelo Mancebo, correto?!? Quem fazia os consertos na casa? Era o Mancebo! Quem trabalhava fora e sustentava a família? O Mancebo! Quem era que chegava junto na hora da paquera? O Mancebo! Mas, isso foi há 50 anos, hoje em dia as coisas mudaram um pouco de figura!

Reparem, há alguns meses mudei de apartamento. Mudança é um saco, né?!? Bem, a arrumação das coisas e o desmonte dos móveis foi feita por mim e minhas irmãs... o remontar no novo endereço também! Desde que me entendo por gente, as mulheres da minha casa (e da minha família) são as que montam, desmontam, remontam os móveis... somos nó que consertamos os canos que vazam, as tvs que quebrar, carregamos pesos, orquestramos tudo o que é necessário para o bom funcionamento das coisas de casa... isso não era coisa nossa até algumas décadas atrás! Isso era coisa de Mancebo... como diz um dos meus cunhados: isso é trabalho de homem! Hoje, não precisamos mais de um Mancebo para bater um prego, montar uma cama nem eliminar uma barata! Nós, Mulheres-Mancebos fazemos isso muitíssimo bem, obrigada!

Outra coisa interessante: as contas da casa! Uma de minhas avós (que Deus a tenha) sempre me disse que nunca foi ao supermercado fazer uma feira (nem nunca fez feira de rua), nunca foi a um banco fazer pagamento, tudo isso quem fazia era meu avô. Ele era quem fazia a feira, quem pagava as contas no banco, quem provinha a casa. Minha vó, coitada, nem sabia quanto meu avô ganhava, não sabia nada das finanças da família, ela só cuidava dele, da casa e dos filhos! Você sabe fazer feira, né Lola?!? E pagar contas no banco, também? Porque eu faço feira, pago contas, sei quanto custa para ganhar o suado dinheiro mensal e o quanto dele vai para as despesas domésticas... tempos modernos, Lola?!?

Nós, Mulheres-Mancebos, vamos muito mais além das questões domésticas, Lola! Nós partimos para o mercado de trabalho, nos destacamos em todas as áreas e trabalhamos tão bem (às vezes melhor, sorry!) quanto qualquer ser do universo jurubebístico! E é por isso, Lola, que ser uma Mulher-Mancebo no ambiente de trabalho nos dá tanta dor de cabeça...porque, ser competente, Lola, é um dos nossos maiores pecados! A competência da Mulher-Mancebo é vista como um pecado! Se você é competente e mostra serviço, logo, logo, seu ambiente de trabalho poderá estar infestado de estórias onde você é a personagem principal... estórias que não te vangloriam, mas que procuram denegrir sua imagem... já passou por isso Lola? E o pior é que a Mulher-Mancebo é a atriz principal desses contos da carochinha, e nem ela mesma sabe disso! Se liga, Lola, se liga! O melhor caminho, Lola, é colocar o salto e sorrir como a mais nova ganhadora do Oscar! Isso é pura inveja, Lola!



Mas, não estamos invadindo somente o universo jurubebístico da labuta diária, não! Estamos invadindo o universo mais sagrado para todos os Mancebos: o universo jurubebístico da conquista amorosa! Aí, Lola, a Mulher-Mancebo deita e rola! E enfurece os Mancebos saudosistas, aqueles que esperam sempre encontrar as mulheres batendo cílios e totalmente desprotegidas para suas cantadas sem graça e baratíssimas!

No universo amoroso, as Mulheres-Mancebo não esperam mais o primeiro passo do Homem...nada disso! Antes éramos os alvos, agora os Mancebo o são! Quando saímos de casa com as amigas para um barzinho, uma boate, ou afins, não tomamos suquinho de fruta nem refrigerantes... tomamos tequila, cerveja, rum, vodka...é só olhar o menu e dizer: seu garçom me veja uma dose de...! Aff, pro meu avô, mulher que bebe é muito feio... pro meu avô, que fique claro! Para mim, mulher que bebe é libertador... o álcool nos traz o alívio do stress diário, nos faz ver o mundo um pouco mais colorido...rsrsrsrsrsrsrsrsrsrs....Para além de bebermos na balada, nós também esquadrinhamos o local em busca de algum "Mancebo-Cervo" indefeso aos nossos olhares... sim, meus queridos! Nós, Mulheres-Mancebos, somos as leoas da arte donjuanística! Ora, ninguém além de nós conhece tão bem o arsenal dos Mancebos, não é Lola?!? Afinal, fomos suas "vítimas" durante anos a fio... agora o jogo virou, e nós, antigas donzelas em perigo, nos tornamos "o predador" e não mais a "preza"! 

As Mulheres-Mancebo não têm paciência para esperar o moçoilo decidir-se a chegar junto... ela mesma vai a seu encalço e o traz no laço... A Mulher-Mancebo sabe bem o que e quem ela quer! Ela não se inibe nem se ofende com um não ou com o olhar de espanto do Mancebo-Jurubeba. A Mulher-Mancebo é aquela que vive vários tipos de encontro amoroso... ela fica de boa com o encontro casual, ela também é tranquila com a amizade colorida, não se aperreia com um caso passageiro, cuida muitíssimo bem do Mancebo-Namorado, ela também gosta de coisas sérias, a Mulher-Mancebo também se casa! Nós, Mulheres-Mancebo também dizemos a frase "desculpa, o problema não é você, sou eu"! Também enchemos a cara para esquecer um Mancebo-Infame! Ouvimos músicas que deixam nossos cotovelos na carne viva (sempre acompanhadas de uma generosa dose!)! Dizemos pro Mancebo: querido, não quero seu amor, quero seu corpo, sacou?!? Mas, também dizemos: eu te amo! A Mulher-Mancebo é a melhor companheira para um moçoilo! De verdade! Porque ela racionaliza tudo como um Mancebo faria! Ela não se vê insegura diante de momentos difíceis do imbróglio amoroso! Ela não perde a calma nem castra seu Mancebo... ela não se importa se você sai com os amigos pro bar ou pra pelada... porque ela também sai com as amigas dela! Ela não se incomoda se você beber, porque ela bebe com você... não existe melhor companheira de copo do que a Mulher-Mancebo... até mesmo no quesito traição ela pode ser bem mais compreensiva que a Mulher-Meiga (argh!)! Mas, cuidado moçoilo! Não abuse da Mulher-Mancebo! Porque, da mesma forma que ela te ama, se você pisar demais na bola, ela te manda pra Júpiter só com passagem de ida, se ligou?!? A Mulher-Mancebo não vai ficar no teu pé, não vai te ligar 24h por dia, não vai te policiar... sabe porque? Porque a Mulher-Mancebo valoriza o livre-arbítrio! Se você, moçoilo, teve a sorte de encontrar uma Mulher-Mancebo, segure-a com as duas mãos! Porque se ela está contigo é por vontade própria, e assim ela pensa a seu respeito! 



Ah, Lola! Se os moçoilos soubessem as benesses que uma Mulher-Mancebo pode trazer para suas vidas...desistiriam dessa babaquice de buscarem Mulheres-Meigas, Mulheres-Donzela! Não teriam "medo" de se relacionar com Mulheres-Mancebos independentes, livres, desencanadas... 

Ah, Lola! Se as Donzelas em Perigo e as Mulheres-Meigas soubessem o poder e a alegria que as Mulheres-Mancebo têm... chutavam o pau da barraca e viravam Mulheres-Mancebo também!!!

domingo, 24 de março de 2013

Classificados, a xêpa do infortúnio amoroso!


Classificados, área do jornal onde se anunciam ofertas e procuras de todo e qualquer produto...de casas e apartamentos até à assistência para o fim da carência humana! Os classificados são o baú onde todos podem encontrar o que procuram e ofertar aquilo que não querem mais... e isso acontece também com  o amor...

Depois do clássico pé-na-bunda (na sua ou na dele), normalmente fica-se perdido que nem cego em tiroteio... não se sabe para onde vai e o que se busca...entra-se no estado do amor-vegetativo onde a frase mais falada e mais ouvida é "mea culpa"... Acorda, Lola!!! Corre pra banca mais próxima e compra o jornal! Os classificados te levarão ao amor-vingança! Corre, Lola, corre!!! Que essas coisas logo acabam!!

Nos classificados do amor é fácil encontrar aquela amiga, ou aquele amigo, bem intencionado que te apresenta uma infinidade de novas possibilidades de novos amores. São caras interessantes, solteiros, bem intencionados (ou mulheres para os Mancebos de plantão!)... Lola, meu bem, você está prestes a entrar na xêpa amorosa! Não sabe o que é xêpa?!? Xêpa é o resto que sobra...seja nas feiras de rua do interior, onde a dona de casa deixa pra comprar suas verduras e frutas no fim da tarde (pela metade do preço)...seja  a compra de sapatos naqueles tabuleiros enormes que ficam na entrada das sapatarias... enfim, xêpa, Lola, é aquilo que mais ninguém quer, sacou?!?

Nunca fui numa xêpa para encontrar algo que valesse a pena comprar... tudo estava passado, estragado, fora de validade... e assim é com a xêpa do amor... aquele Mancebo que tua amiga te apresenta, depois do teu pé-na-bunda, parece ser algo extraordinário...mas você já se perguntou, Lola, porque essa espécime tão recomendada está sozinho e dando sopa?!? Poque ele foi a tomate da xêpa que ninguém quis! Acorda, Lola, acorda!!!

Se bem que, aos olhos dele, Lola, você é que é a abobrinha que ninguém quis degustar... afinal, você está solteira, só trabalha, já passou um tantinho dos 30 e levou homéricos pés-na-bunda.... é, Lola, bem-vinda à xêpa do amor!!!

Agora, Lola, não vale abrir os classificados e ligar pro "Moreno Jambo do Amor" ou pro "David Coperfield de Casa Forte"...isso não é xêpa, Lola! Isso é amor-pago... e pagar por amor é encontrar-se no fundo do poço, querida! Pense, Lola, pense! Chamar o Jambo ou o David não vai aliviar seu estigma de "desclassificada" nos classificados do amor, vai apenas trazer a ilusão que não estás mais na xêpa...Owww, Lola! Aprende que mesmo uma tomate machucada é melhor do que uma maçã luzidia ,mas bichada! Tal qual a Branca de Neve ao morrer pela linda maçã envenenada dada por uma velhinha mal intencionada, você, Lola, corre o risco de morrer chifrada, trocada, abandonada por um lindo Mancebo-Maçã, que era lindo por fora, mas vazio por dentro! Corre, Lola, corre! Vai agora lá na feira, como uma boa xêpera, e arremata teu Mancebo-Tomate ou Mancebo-Laranja ou Mancebo-Quiabo... não importa o legume ou a fruta... o que importa é que você aprenda, Lola, a fazer a sopa com aquilo que tenhas na mão!!!


sábado, 23 de março de 2013

Desculpe Meu Amor... o Problema Sou Eu!


Pé-na-bunda



A frase favorita do dicionário jurubebístico é a célebre:  "O problema não é você, sou eu!"

Quem de nós nunca ouviu essa frase tão meiga?!? Creio que dez entre dez mulheres, em algum momento dos seus idílios amorosos, já ouviu essa pérola dos lábio do Mancebo! Pois é Lola! Corra léguas quando o Mancebo proferir esse jargão!!!

O famoso "o problema não é você, sou eu" serve para fazer a meia-sola do imbróglio amoroso. É aquele "eu te quero, mas estou confuso" que o Mancebo solta para deixar a Lola com o sentimento de mãezinha que cuida do neném perdido! Acorda, Lola!!! O Mancebo queria apenas uns bons momentos contigo na cama, uns amassos no escuro, uns beijos e afagos mais ousados quando ninguém está observando! Corre, Lola, corre!!!

"O prolema não é você, sou eu" e quase tão sofrível quanto o "ando confuso"! Pense, Lola, pense!!!!



O Mancebo te cortejou, te deu olhares 43, 44 e 45... o Mancebo pegou na tua mão... alisou teus cabelos... falou do sexo dos anjos, das estrelas e de todas essas baboseiras que só os Mancebos possuem para deixar as mulheres com caras de bobinhas...E, depois de todo esse preâmbulo, eis que o Mancebo consegue te levar até sua casa...aí, Lola, já era!!

O adentrar à casa do Mancebo é como acenar a capa vermelha na frente do touro bravo! É dizer, de forma muda e implícita, que você está pronta para subir no altar da paixão e deixá-lo despejar nos seus ouvidos todo o repertório jurubebístico de sacanagens! Só queria te dizer, Lola, que tal qual a virgem que era levada ao altar do sacrifício nos templos maias, você se jogou no altar de sacrifício mancebístico!Que pena, Lola!

Pena porque o Mancebo era quase um contorcionista! Te jogou pra cima, pra baixo, pro lado... te fez alcançar júpiter e saturno... te deixou languida e satisfeita que nem bebê depois de ser limpo e alimentado... você nunca tinha se sentido assim, não é Lola?!? Cuidada,saciada, acalmada de forma tão espetacular! Pronto! Lacou! O bichinho do bis entra em cena... começam os telefonema, as mensagens, as saídas fortuitas e eis que quando o negócio estava engrenado (só para você, Lola) o Mancebo vem com o célebre "ando meio confuso com a nossa relação, não queria me envolver seriamente com alguém agora..." E você arregala os olhos e diz "o que foi que aconteceu? foi algo que eu falei? foi algo que eu fiz?"... e então vem a bomba: "o problema não é você, Lola, o problema sou eu"!

Pois é Lola, o problema não é você, o problema é ele mesmo! O problema é que você foi mais uma sardinha no mar jurubebístico... e agora o Mancebo quer comer uma tilápia, uma merluza... um atum ( vai saber!)... sacou?!?

Não chora, Lola, não chora!!! Recomeça a caminhada... entra em outra roda gigante e refaz essa saga do amor-sexo, que se transforma no amor-paixão e quando chegar no amor-amor se segura que a tendência é o novo Mancebo te dar um pé-na-bunda com a meiga frase "o problema não é você, o problema sou eu"!

Pelo amor de Deus, Lola!!!! Aprende urgente a escolher, menina!!! Ou então, renova teu estoque da Nike e corre, Lola, corre!!!!!!

sexta-feira, 22 de março de 2013

A Despedideira...Mia Couto









Há mulheres que querem que o seu homem seja o Sol. O meu quero-o nuvem. Há mulheres que falam na voz do seu homem. O meu que seja calado e eu, nele, guarde meus silêncios. Para que ele seja a minha voz quando Deus me pedir contas.

No resto, quero que tenha medo e me deixe ser mulher, mesmo que nem sempre sua. Que ele seja homem em breves doses. Que exista em marés, no ciclo das águas e dos ventos. E, vez em quando, seja mulher, tanto quanto eu. As suas mãos as quero firmes quando me despir. Mas ainda mais quero que ele me saiba vestir. Como se eu mesma me vestisse e ele fosse a mão da minha vaidade.

Há muito tempo, me casei, também eu. Dispensei uma vida com esse alguém. Até que ele foi. Quando me deixou, já não me deixou a mim. Que eu já era outra, habilitada a ser ninguém. Às vezes, contudo, ainda me adoece uma saudade desse homem. Lembro o tempo em que me encantei, tudo era um princípio. Eu era nova, dezanovinha.

Quando ele me dirigiu palavra, nesse primeiríssimo dia, dei conta de que, até então, nunca eu tinha falado com ninguém. O que havia feito era comerciar palavra, em negoceio de sentimento. Falar é outra coisa, é essa ponte sagrada em que ficamos pendentes, suspensos sobre o abismo. Falar é outra coisa, vos digo. Dessa vez, com esse homem, na palavra eu me divinizei. Como perfume em que perdesse minha própria
aparência. Me solvia na fala, insubstanciada.

Lembro desse encontro, dessa primogênita primeira vez. Como se aquele momento  fosse, afinal, toda minha vida. Aconteceu aqui, neste mesmo pátio em que agora o espero. Era uma tarde boa para gente existir. O mundo cheirava a casa. O ar por ali parava. A brisa sem voar, quase nidificava. Vez voz, os olhos e os olhares. Ele, em minha frente todo chegado como se a sua única viagem tivesse sido para a minha vida.

No entanto, algo nele aparentava distância. O último escapava entre os seus dedos.

Não levava o cigarro à boca. Em seu parado gesto, o tabaco aí mesmo se consumia. Ele gostava assim: a inteira cinza tombando intacta no chão. Pois eu tombei igualzinha àquela cinza. Desabei inteira sob o corpo dele. Depois, me desfiz em poeira, toda estrelada no chão. As mãos dele: o vento espalhando cinzas.

Nesse mesmo pátio em que se estreava meu coração tudo iria, afinal, acabar. Porque ele anunciou tudo nesse poente. Que a paixão dele desbrilhara. Sem mais nada, nem outra mulher havendo Só isso: a murchidão do que, antes, florescia. Eu insisti, louca de tristeza. Não havia mesmo outra mulher? Não havia. O único intruso era o tempo, que nossa rotina deixara crescer e pesar. Ele se chegou me beijou a testa. Como se faz a um filho, um beijo longe da boca. Meu peito era um rio lavado, escoado no estuário do choro.

Era essa tarde, já descaída em escuro. Ressalvo. Diz-se que a tarde cai. Diz-se que a noite também cai. Mas eu encontro o contrário: a manhã é que cai. Por um cansaço de luz, um suicídio da sombra. Lhe explico. São três os bichos que o tempo tem: manhã, tarde e noite. A noite é quem tem asas. Mas são asas de avestruz. Porque a noite as usa fechadas, ao serviço de nada. A tarde é a felina criatura. Espreguiçando, mandriosa, inventadora de sombras. A manhã, essa, é um caracol, em adolescente espiral. Sobe pelos muros, desenrodilha-se vagarosa. E tomba, no desamparo do meio-dia.

Deixem-me agora evocar, aos goles de lembrança. Enquanto espero que ele volte, de novo, a este pátio. Recordar tudo, de uma só vez, me dá sofrimento. Por isso, vou lembrando aos poucos. Me debruço na varanda e a altura me tonteia. Quase vou na vertigem. Sabem o que descobri? Que minha alma é feita de água. Não posso me debruçar tanto. Senão me entorno e ainda morro vazia, sem gota. Porque eu não sou por mim. Existo refletida, ardível em paixão. Como a lua: o que brilho é por luz de outro. A luz desse amante, luz dançando na água. Mesmo que surja assim, agora, distante e fria. Cinza de um cigarro nunca fumado.

Pedi-lhe que viesse uma vez mais. Para que, de novo, se despeça de mim. E passados os anos, tantos que já nem cabem na lembrança, eu ainda choro como se fosse a primeira despedida. Porque esse adeus, só esse aceno é meu, todo inteiramente meu. Um adeus à medida de meu amor.

Assim, ele virá para renovar despedidas. Quando a lágrima escorrer no meu rosto eu a sorverei, como quem bebe o tempo. Essa água é, agora, meu único alimento. Meu último alento. Já não tenho mais desse amor que a sua própria conclusão. Como quem tem um corpo apenas pela ferida de o perder. Por isso, refaço a despedida. Seja esse o modo de o meu amor se fazer eternamente nosso.

Toda a vida acreditei: amor é os dois se duplicarem em um. Mas hoje sinto: ser um é ainda muito. De mais. Ambiciono, sim, ser o múltiplo de nada, Ninguém no plural.

 Ninguéns.

Viver é buscar-se...






"Detesto quem não se busca, quem se acostuma a viver, da mesma maneira como se acostuma a dormir ou comer. Viver fica uma coisa automática, pouco importante, boa ou má, vazia ou não. Basta viver, como uma obrigação da qual não se pode fugir."


Caio Fernando Abreu, assim como Clarice, tinha um entendimento profundo da alma humana. Ele conseguiu elaborar textos que nos devassam, que nos abrem os olhos, que nos coagem a agir em busca de algo maior, sempre!

Nada melhor do que, então, começar um dos posts dessa sexta-feira com uma citação do Caio!

Eu acredito que não há nada pior nesse mundo do que você conviver, ou deparar-se, com pessoas que não buscam a si mesmas, que vivem uma vidinha mais ou menos porque acham que o mais ou menos é bom! Pessoas que se acabrunham diante da luminosidade da vida acreditando que aquela luz não é para elas! Pessoas que dão significado àquela automação do ser mostrada no filme Tempos Modernos... que acham que viver é só seguir a corrente, é repetir diariamente os mesmos passos, os mesmos hábitos... acham que viver é acordar, comer, andar, ir ao banheiro, trabalhar, dormir...ou seja, viver para elas é a coisa mecânica do corpo!

Mas, viver, caras amigas, não é seguir o "chamado da natureza"! Viver é buscar-se! Buscar-se sempre! É andar por caminhos diferentes todos os dias! É reinventar-se sem medo de ousar no processo! Viver perpassa os lugares comuns! Viver é entregar-se de corpo e alma a cada nova vereda que o amanhecer nos traz! Viver é superar-se sempre,e mais uma vez! Viver é abrir os braços, rodopiar na rua, sentir o vento nos cabelos, olhar para o céu e sorrir pelo simples fato de poder sentir o calor do sol na pele! Viver é tomar banho de chuva e rir feito criança quando pisamos numa poça de lama... é tomar banho de bica em meio a um temporal sem se preocupar se vai gripar! Viver é recuperar sempre dentro de si aquela criança brava e destemida que éramos anos atrás! Viver é mergulhar nos momentos que o universo nos concede com as pessoas que amamos, sem olhar pro relógio, sem sequer lembrar que o tempo existe! Viver é andar devagar, olhar as coisas a sua volta, apreciar as belezas dos novos dias e das noites enluaradas (e também das noites sem luar)! Viver é escolher sempre a Vida!!! Não a vida idealizada! Não a vida dos contos de fada! Mas a vida que pulsa dentro de nós a cada batida do coração, a vida que nos faz abrir os olhos e sorri por um pensamento bobo que tivemos, a vida que nos faz tremer as mãos em momentos importantes, a vida que nos faz querer parar o tempo e fugir da morte, a vida que nos leva pelos caminhos e descaminhos da razão, a vida sem horas, sem tempo, a vida-momento, a vida-instante, a vida como um viandante que a cada novo caminho, a cada nova estrada descobre sempre um novo motivo para gritar ao universo: Sim! Sim! Eu estou vivo!!!

Porque, minhas amigas (e amigos), parafraseando Caio, chega uma hora em que você tem que escolher a vida! Eu talvez não saiba bem ainda o que isso significa, mas é claro para mim que a hora dessa escolha é agora, está acontecendo! Então, vivamos intensamente cada novo dia!!! Se você sempre anda pela esquerda da avenida, amanhã atravesse-a e vá pela direita! Se você se acorda sempre na mesma hora, acorde um pouco mais cedo amanhã e um pouco mais tarde depois de amanhã! Se você anda pelo mundo perdido de si e, quiçá, perdido dos outros, busque-se! Busque-se sempre!! Não tenha medo de encontrar-se consigo mesmo! Esse encontro é a coisa mais sublime que a vida poderia dar-lhes! E só ao buscar-se, poderás te encontrar e, assim, abrir-se para o outro, abrir-se para a vida, abrir-se para o calor do sol e o frio da lua... porque quem não vive constantemente a buscar-se, não vive!!!!


quarta-feira, 20 de março de 2013

Perder o Vazio é empobrecer...






Escuro, negro, breu...adjetivos ligados ao medo, ao pavor de estar sozinho num lugar sem luz, num lugar sem esperança...

Já falei antes do medo aqui, mas o assunto que move as palavras em minha mente hoje não é o medo do escuro, mas o medo do vazio que cada um de nós carregamos no mais profundo de nós mesmos! Esse vazio, quando pensamos nele, remete-nos à questão da solidão, de sentir-se sozinho...

Eu não tenho o vazio como algo que me apavora, que me amedronta. O vazio para mim é algo reconfortante. O vazio é a oportunidade de estar sozinha com meus pensamentos e indagações. O vazio me possibilita enxergar as minhas dúvidas. Possibilita-me ver aquilo que o "estar cheio" não deixa. O vazio é a minha comunhão comigo mesma.

Quando estamos no vazio, percebemos como escutamos pouco a nós mesmos! Percebemos que nos movemos diariamente como pequeninas máquinas (lembram de Chaplin?) que seguem a mesma rotina todos os dias...acordar, se arrumar, estudar, trabalhar, etc, etc... vivemos como autômatos quando fugimos do vazio!

O vazio não é permanente. Ele não vem e se instala em nós com uma postura de eternidade, de império. Ele nos chega como um viandante sedento, nos alertando que é hora de parar e adentrar no buraco negro de nossa essência. Mas, como viandante, o vazio demora um fugaz instante, pois logo mais tem que seguir viagem!

Quem se aboleta em nós e adquire uma postura de império é o Tempo, não o Vazio! O Tempo nos massacra sem piedade! Ele vem, se instala e não quer mais ir embora. Ele tenta fazer-se eterno em nossas vidas, mesmo sendo tão efêmero... O Tempo é senhor dos destinos! É o tirano que nos mostra os erros, os acertos, as oportunidades perdidas, a solidão e a falta... O Tempo nos mata lentamente...porque ele nos mostra, quase como zombaria, que é-nos impossível pegar o caminho de volta em sua estrada e aproveitar aquilo que chamamos de "tempo perdido"!

Mas, voltando para o meu querido Vazio... o vazio nos leva para os mais profundos rincões de nós mesmos, e isso é maravilhoso! Imaginem uma sala vazia! Imaginou?!? Então, olhe bem presse espaço e repare nas possibilidades de arrumação, de móveis que podem ser colocados nela, nas cores para as paredes...nos quadros...tapetes...enfim, em tudo aquilo que tradicionalmente (ou não) é possível colocar-se numa sala! Pronto! Você agora entendeu!! 

O vazio em nós é como uma sala desocupada! Ele só aguarda que nós o preenchamos com nossas características únicas! Ele espera que façamos a reflexão necessária para que possamos reinventar nossas vidas! Quando comungamos com o vazio nossas dúvidas, nossos sonhos, nossos objetivos, nossos amores, tudo ganha uma nova perspectiva... simplesmente porque nesses momentos não existe mais o Tempo, nesses momentos não existe mais a Solidão, nesses momentos não existe mais a Tristeza, só existe a alegria por, finalmente, conhecer-nos! Só existe, no vazio, o amor que carregamos conosco na busca contínua e eterna de melhorar o mundo (o nosso e o do outro), de deixar a estrada da vida mais bela e iluminada! No vazio, o que predomina somos nós! Isso!! Nós predominamos no vazio! Porque, no vazio, encontramos nós mesmos, nus, crus, sem máscaras, sem subterfúgios, sem 'talvez' ou 'mais ou menos'... no vazio nos encontramos densos, completos, dignos e sem a casca grossa que ostentamos (mesmo sem querer)!


Vivamos mais o vazio!!! Porque, perder o vazio é (sempre e em qualquer momento) empobrecer!!!



Eu também tenho um sonho, Martin!





É desesperador perceber que as palavras proferidas por Martin Luther King Jr. em agosto de 1968, ainda se aplicam nos dias de hoje... Quando Martin disse que tinha um sonho, um sonho de igualdade para todos os homens, ele falava de uma ferida profunda que, infelizmente, contaminou todo o Continente Americano, ele falava da escravidão, falava do preconceito racial, falava da não-valoração do ser humana por conta da cor de sua pele, falava da falta de respeito e de direitos do cidadão de pele escura e, seu discurso, poderia ser aplicado também às mulheres, aos homossexuais, enfim, a todas as minorias esquecidas e relegadas ao vazio pela "sociedade esclarecida"!

Martin dizia "Eu tenho um sonho de que meus quatro filhinhos, um dia, viverão numa nação onde não serão julgados pela cor de sua pele e sim pelo conteúdo de seu caráter"... Eu também tenho um sonho, Martin! Eu tenho o sonho de que nenhum nordestino vai ser chamado de paraíba no sudeste brasileiro, que nenhuma estudante de direito vai dizer que é um favor matar um nordestino que está infectando São Paulo... eu tenho o sonho de que os moradores das favelas tenham as oportunidades que eu tive, tenham boa educação, bons trabalhos, que não se percam no mundo do narcotráfico... eu tenho o sonho de que as mulheres serão tratadas com respeito todos os dias de suas vidas, que seus maridos, namorados, companheiros, não as agridam nem as matem por ciúmes ou necessidade de controle ou qualquer desculpa machista qualquer... eu tenho o sonho de que as mães desse mundo ensinem seus filhos a NÃO serem machistas, que os pais não levem seus filhos para puteiros na adolescência, que os meninos também sejam criados com respeito e que suas descobertas sejam naturais e por escolha...eu tenho o sonho de que chegará o dia em que o caráter de uma pessoa seja mais importante do que se sua pela é amarela, vermelha, preta, branca ou azul, se ela tem tatuagens ou usa piercing, se ela namora com ela e ele namora com ele, se eles namoram com muitos, se eles são hétero, metro, homo, trans, bis... que nada disso importe a nenhum de nós, que a essência seja sempre mais importante que a 'casca', e que as escolhas íntimas de cada um não seja motivo de piadas e chacotas, mas de respeito e dignidade...Eu tenho um sonho, Martin! Eu tenho o sonho da liberdade! A liberdade de todos os estereótipos! A liberdade de todos os julgamentos!! A liberdade de todo tipo de preconceito! A liberdade para sermos o que somos, ou o que queremos ser, de forma plena, verdadeira e justa!!! Como você disse uma vez, Martin: "Quando deixarmos soar a liberdade, quando a deixarmos soar em cada povoação e em cada lugarejo, em cada estado e em cada cidade, poderemos acelerar o advento daquele dia em que todos os filhos de Deus, homens negros e homens brancos, judeus e cristãos, protestantes e católicos, poderão dar-se as mãos e cantar com as palavras do antigo spiritual negro: " Livres, enfim. Livres, enfim. Agradecemos a Deus, todo poderoso, somos livres, enfim."



terça-feira, 19 de março de 2013

Descaminhos...C'est la Vie, Mon Cher!!!

Descaminhos...



Sim, hoje parece um dia atípico, as tempestades mentais andam a toda nessas horas luminosas do dia...minha mente esgotada para assuntos acadêmicos (por algumas poucas horas) se volta para questões básicas da existência humana!

Nada pior na vida de um ser humano do que deparar-se com os descaminhos do amor... é triste e solitário perceber que o amor, aquele caminhar junto está por um fio, está acabado! É como tentar usar um vestido querido, velho, lindo, mas que não nos cabe mais!

É uma angústia de perder-se de si e do outro, pois, quando o descaminho chega, leva consigo um pedaço de nós, aquele pedaço que o outro tão generosamente nos deu e que adoramos tê-lo durante tanto tempo em nós... e nos devolve aquele pedaço que demos ao outro e que ao se aconchegar em nosso coração nos causa estranheza, porque não é mais nosso, está preenchido com a essência do outro que foi embora...

Tentar digerir o "acabou". Digerir o "tá tudo acabado". Não é fácil! É uma pancada em nosso caminho tão lindamente traçado. É um tropeçar sem volta. É uma dor que lateja lentamente, que nos leva a desejar que nunca tivesse começado. O medo de ouvir o "acabou" é, muitas vezes mais forte e profundo do que a dor de ouvi-lo! É esse medo do findar-se que muitas vezes nos faz recuar quando a paixão ou amor nos chega e nos abrilhantas os olhos. O medo sempre nos arrasta pelos descaminhos da solidão. Pelos descaminhos da dúvida e do "não tentar".

Porque, para nós seres humanos imaturos e tão frágeis (mesmo quando nos mostramos fortes como rochas, somos, no fundo muitíssimo frágeis!) é aterrorizante a perspectiva de ter e perder. É o famoso 'medo da morte'! Todos sabemos que esse medo de morte não está contido apenas na extinção da vida orgânica, mas está enraizado fortemente, também, na morte dos sentimentos, no esfacelar dos encontros, no sepultamento do amor!

Um amor não dura a vida inteira, como bem predisse Vinícius, ele tem sua eternidade enquanto o nefasto momento do "está tudo acabado" não chega! Ele nos alegra, nos consome, nos move, nos encoraja a desbravar caminhos nunca dantes imaginados, mas, ele é finito simplesmente porque é humano! E, o que é humano sempre tem fim.

Devemos encarar o amor e a vida com o sobressalto de ouvir "tá acabado"?!? Não! Devemos saber que tudo um dia, realmente termina, mas que enquanto pulsa em nós de forma viva e latente deve ser vivido plenamente, de forma intensa e destemida! Afinal, os descaminhos sempre nos alcançam para nos dizer que devemos "tirar o vestido estampado" e colocar um de listras ou um liso, não importa a textura, o que importa é que devemos viver todos os caminhos que a vida nos coloca na frente e esquecer que na próxima esquina o descaminho da separação pode vir a nosso encontro, que na próxima esquina o caminho pode se bifurcar e levar-nos a percorrer sendas paralelas como dois viandantes desconhecidos, mas, só assim podemos, em nosso derradeiro suspiro, bradar que vivemos plenamente tudo aquilo que o Universo nos presenteou!!!  C'est la vie, mon cher!!!!



Meu Cupido Me Deve Desculpas...


Meu Cupido me deve desculpas homéricas pelas trapalhadas que ele vem fazendo na minha vida amorosa! Nesses últimos tempos ele só me coloca em roubada! Mas, se existe mesmo forças no universo que controlam nossas vidas amorosas, a que controla a minha, com certeza, nesse momento, está escrevendo uma carta de desculpas pelos erros cometidos!!


E eis que me chega a carta:

"Minha querida amiga,

Perdoe-me pelos erros cometidos nestes últimos anos! Não tive a intenção de colocá-la em situações difíceis e escorregadias! Pensei mesmo que aquele Mancebo musical era o par ideal para você, afinal você também curte música, não é? Mas, percebi, tarde demais, que o tal Mancebo musical queria mesmo era tocar instrumentos diferentes a cada noite...minha flecha foi mal utilizada, confesso! Mas, você se lembra daquele Mancebo do rock que te apresentei? Eu acreditava piamente que vocês tinham sido feitos um para o outro, mas notei pouco depois de disparar minha flecha que o tal do Mancebo do rock só queria ouvir Led Zeppelin e Nirvana e nada de Kiss you! Sorry for that!!! Aquele outro que encontrei para você, o Mancebo gourmet, tive tantas esperanças nele! Comprei até a arma de precisão que você me sugeriu tão carinhosamente (tisc, tisc, tisc)... mas, ele estava mais interessados em suas panelas do que na possibilidade de tê-la como sobremesa...perdoe-me por isso! Ah! Mas, você se lembra desse último que te mandei?!? O tal de Mancebo de Ossanha?!? Bem, quando percebi que ele era de Ossanha, tal qual a música tão famosa, pensei 'é esse!". Contudo, não tinha ouvido direito a letra da canção... e o Mancebo Ossanha te trouxe sofrimento porque é daqueles que dizem que vai mas não vai... tinha tanta certeza que ele era o certo! Até Chico Xavier eu consultei e ele me disse que era ele mesmo!!! Mas, até os espíritos se enganam, não é?!? Bem, mas não se preocupe, achei agora um Mancebo excelente para você!!! E com a nova arma, acertarei em cheio o coração empedernido deste brilhante espécime masculino...

Seu Cupido"


Hein?!? Um novo Mancebo?!? Depois de todos esses desastres?!? Cai fora, cupido!!! Eu não quero Mancebos mirabolantes! Nem com algum tipo de característica ímpar!!! Eu quero um Mancebo Simples!!! Daqueles que curtem caminhar na praia, ver filme em casa acompanhado de pipoca e coca-cola, que me ligue e, principalmente, que me atenda, que não demore uma eternidade para responder um sms... eu (e creio que todas nós!) quero um Mancebo Simples!!! Porque o que tornará o Mancebo extraordinário é aquilo que ele traz dentro de si... aquilo que só eu consigo enxergar e que exerce um fascínio em mim de tal forma que nunca vai me interessar se ele é alto ou baixo, se ele é magro ou gordo, se ele é branco ou preto, se ele é dentista, oculista, professor, motorista...o que interessa a mim, e a todas as mulheres, seu Estúpido Cupido é se o Mancebo flechado é digno de ter-nos, se ele cultiva bem seus amigos, se ele vive plenamente seus sonhos, se ele luta pelos seus ideais... ele pode e deve vir com bagagem (não é interessante gente de alma vazia)... pode ter filhos, ou pode desejar muito um dia tê-los... deve gostar de bichos, porque conhecemos o caráter de alguém na forma como ele trata os animais...enfim, seu Cupido, eu (nós) só quero um Mancebo que seja simples e humano!!!!

A Fidelidade Nossa de Cada Dia...




“…e não me reste de tudo, ao fim
Senão o sentimento desta missão e o consolo de saber
Que fui amante, e que entre a mulher e eu alguma coisa existe
Maior que o amor e a carne, um secreto acordo, uma promessa
De socorro, de compreensão e de fidelidade para a vida”.

Pois é, minhas amigas, depois de uns dias ausentes, eis que volto a escrever neste universo... o assunto hoje cai sobre uma palavrinha tão essencial aos relacionamentos amorosos, mas também, diversas vezes mal interpretada... a Fidelidade!
Como bem mostram os versos de Vinícius de Moraes, a fidelidade que devemos buscar no outro é uma fidelidade de vida! E alguns podem se perguntar, mas fidelidade de vida não é fidelidade de cama ou de sentimentos?!? A fidelidade de vida, caras amigas, é o compromisso firmado a dois de construírem e manterem a promessa de vida feita entre o mancebo e sua donzela!
Vejam, quando eu falo de promessa de vida eu quero dizer que a fidelidade entre casais deve ir além da mísera questão do corpo. Deve estar contida nas entrelinhas desse encontro. Nos cantos obscuros que, se não prestarmos atenção, passam-nos despercebidos. A fidelidade tem que ser de dentro pra fora, sacou? Tem que vir do mais profundo rincão de nossos insignificantes organismos!
Alguns podem até se indagar: "mas se ele (ou ela) dormir com outro?" 
Vai doer?!? Claro que sim! Mas, se ele (ou ela) dormir com outra pessoa, isso não seria uma traição do corpo?!? Será que chegaria a ser uma traição também do espírito?!? Da mente?!? Do coração?!? Não posso responder-lhes isso! Porque, lembrem-se, nós não somos o outro, não sabemos o que se passa na mente do outro e assim por diante. Só sabemos, e nem sempre com certeza, o que acontece dentro de nós mesmos!
A fidelidade passa, também, por outras cearas... as paixões e os quereres podem ser duradouros, longos, onde construímos acordos secretos, fidelidades de vida sólidas... mas, há contudo as paixões e os quereres fugazes, líquidos, temporários...estes nos arrebatam também, de forma intensa e crua, e constroem fidelidades por tempo determinado.
Independentemente de que tipo de fidelidade gozemos, com certeza temos a mais importante: A FIDELIDADE A NÓS MESMOS! Todos os dias ao acordar, se arrumar, ir trabalhar, fazer nada, cuidar da vida... somos fiéis àquilo que nos constitui! Fiéis às nossas crenças, aos nossos ideais, aos nossos sonhos, aos nossos abjetivos... somos fiéis ao que nos difere de todos os outros seres humanos! E, se assim permanecermos, a fidelidade que tanto se busca no outro, será apenas um reflexo da nossa própria fidelidade à vida!