quarta-feira, 20 de março de 2013

Perder o Vazio é empobrecer...






Escuro, negro, breu...adjetivos ligados ao medo, ao pavor de estar sozinho num lugar sem luz, num lugar sem esperança...

Já falei antes do medo aqui, mas o assunto que move as palavras em minha mente hoje não é o medo do escuro, mas o medo do vazio que cada um de nós carregamos no mais profundo de nós mesmos! Esse vazio, quando pensamos nele, remete-nos à questão da solidão, de sentir-se sozinho...

Eu não tenho o vazio como algo que me apavora, que me amedronta. O vazio para mim é algo reconfortante. O vazio é a oportunidade de estar sozinha com meus pensamentos e indagações. O vazio me possibilita enxergar as minhas dúvidas. Possibilita-me ver aquilo que o "estar cheio" não deixa. O vazio é a minha comunhão comigo mesma.

Quando estamos no vazio, percebemos como escutamos pouco a nós mesmos! Percebemos que nos movemos diariamente como pequeninas máquinas (lembram de Chaplin?) que seguem a mesma rotina todos os dias...acordar, se arrumar, estudar, trabalhar, etc, etc... vivemos como autômatos quando fugimos do vazio!

O vazio não é permanente. Ele não vem e se instala em nós com uma postura de eternidade, de império. Ele nos chega como um viandante sedento, nos alertando que é hora de parar e adentrar no buraco negro de nossa essência. Mas, como viandante, o vazio demora um fugaz instante, pois logo mais tem que seguir viagem!

Quem se aboleta em nós e adquire uma postura de império é o Tempo, não o Vazio! O Tempo nos massacra sem piedade! Ele vem, se instala e não quer mais ir embora. Ele tenta fazer-se eterno em nossas vidas, mesmo sendo tão efêmero... O Tempo é senhor dos destinos! É o tirano que nos mostra os erros, os acertos, as oportunidades perdidas, a solidão e a falta... O Tempo nos mata lentamente...porque ele nos mostra, quase como zombaria, que é-nos impossível pegar o caminho de volta em sua estrada e aproveitar aquilo que chamamos de "tempo perdido"!

Mas, voltando para o meu querido Vazio... o vazio nos leva para os mais profundos rincões de nós mesmos, e isso é maravilhoso! Imaginem uma sala vazia! Imaginou?!? Então, olhe bem presse espaço e repare nas possibilidades de arrumação, de móveis que podem ser colocados nela, nas cores para as paredes...nos quadros...tapetes...enfim, em tudo aquilo que tradicionalmente (ou não) é possível colocar-se numa sala! Pronto! Você agora entendeu!! 

O vazio em nós é como uma sala desocupada! Ele só aguarda que nós o preenchamos com nossas características únicas! Ele espera que façamos a reflexão necessária para que possamos reinventar nossas vidas! Quando comungamos com o vazio nossas dúvidas, nossos sonhos, nossos objetivos, nossos amores, tudo ganha uma nova perspectiva... simplesmente porque nesses momentos não existe mais o Tempo, nesses momentos não existe mais a Solidão, nesses momentos não existe mais a Tristeza, só existe a alegria por, finalmente, conhecer-nos! Só existe, no vazio, o amor que carregamos conosco na busca contínua e eterna de melhorar o mundo (o nosso e o do outro), de deixar a estrada da vida mais bela e iluminada! No vazio, o que predomina somos nós! Isso!! Nós predominamos no vazio! Porque, no vazio, encontramos nós mesmos, nus, crus, sem máscaras, sem subterfúgios, sem 'talvez' ou 'mais ou menos'... no vazio nos encontramos densos, completos, dignos e sem a casca grossa que ostentamos (mesmo sem querer)!


Vivamos mais o vazio!!! Porque, perder o vazio é (sempre e em qualquer momento) empobrecer!!!



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