terça-feira, 19 de março de 2013

Descaminhos...C'est la Vie, Mon Cher!!!

Descaminhos...



Sim, hoje parece um dia atípico, as tempestades mentais andam a toda nessas horas luminosas do dia...minha mente esgotada para assuntos acadêmicos (por algumas poucas horas) se volta para questões básicas da existência humana!

Nada pior na vida de um ser humano do que deparar-se com os descaminhos do amor... é triste e solitário perceber que o amor, aquele caminhar junto está por um fio, está acabado! É como tentar usar um vestido querido, velho, lindo, mas que não nos cabe mais!

É uma angústia de perder-se de si e do outro, pois, quando o descaminho chega, leva consigo um pedaço de nós, aquele pedaço que o outro tão generosamente nos deu e que adoramos tê-lo durante tanto tempo em nós... e nos devolve aquele pedaço que demos ao outro e que ao se aconchegar em nosso coração nos causa estranheza, porque não é mais nosso, está preenchido com a essência do outro que foi embora...

Tentar digerir o "acabou". Digerir o "tá tudo acabado". Não é fácil! É uma pancada em nosso caminho tão lindamente traçado. É um tropeçar sem volta. É uma dor que lateja lentamente, que nos leva a desejar que nunca tivesse começado. O medo de ouvir o "acabou" é, muitas vezes mais forte e profundo do que a dor de ouvi-lo! É esse medo do findar-se que muitas vezes nos faz recuar quando a paixão ou amor nos chega e nos abrilhantas os olhos. O medo sempre nos arrasta pelos descaminhos da solidão. Pelos descaminhos da dúvida e do "não tentar".

Porque, para nós seres humanos imaturos e tão frágeis (mesmo quando nos mostramos fortes como rochas, somos, no fundo muitíssimo frágeis!) é aterrorizante a perspectiva de ter e perder. É o famoso 'medo da morte'! Todos sabemos que esse medo de morte não está contido apenas na extinção da vida orgânica, mas está enraizado fortemente, também, na morte dos sentimentos, no esfacelar dos encontros, no sepultamento do amor!

Um amor não dura a vida inteira, como bem predisse Vinícius, ele tem sua eternidade enquanto o nefasto momento do "está tudo acabado" não chega! Ele nos alegra, nos consome, nos move, nos encoraja a desbravar caminhos nunca dantes imaginados, mas, ele é finito simplesmente porque é humano! E, o que é humano sempre tem fim.

Devemos encarar o amor e a vida com o sobressalto de ouvir "tá acabado"?!? Não! Devemos saber que tudo um dia, realmente termina, mas que enquanto pulsa em nós de forma viva e latente deve ser vivido plenamente, de forma intensa e destemida! Afinal, os descaminhos sempre nos alcançam para nos dizer que devemos "tirar o vestido estampado" e colocar um de listras ou um liso, não importa a textura, o que importa é que devemos viver todos os caminhos que a vida nos coloca na frente e esquecer que na próxima esquina o descaminho da separação pode vir a nosso encontro, que na próxima esquina o caminho pode se bifurcar e levar-nos a percorrer sendas paralelas como dois viandantes desconhecidos, mas, só assim podemos, em nosso derradeiro suspiro, bradar que vivemos plenamente tudo aquilo que o Universo nos presenteou!!!  C'est la vie, mon cher!!!!



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